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Reitor da UFVJM, indicado por Bolsonaro, defende atos terroristas e é desligado do FORIPES

O reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Janir Alves Soares, indicado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro ao cargo, mesmo perdendo as eleições internas e ficando em terceiro lugar da lista tríplice, foi desligado do Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (FORIPES) depois de publicar um vídeo nas redes sociais, apoiando os atos golpistas realizados em Brasília no dia 8 de janeiro.

No vídeo divulgado nas redes sociais de Janir Alves, o reitor está às margens de uma rodovia e exalta os atos no Distrito Federal, considerando que “o povo assumiu o Congresso Nacional”. Ele ainda destaca o comportamento dos responsáveis pela segurança do Congresso, que teriam sido sensíveis aos atos porque “entenderam que esta Casa é do povo”. E finaliza parabenizando as pessoas que ficaram acampadas em QGs montados em vários pontos do país desde o fim das eleições. “Parabéns a todos que não desistiram ao longo de 68 dias de luta, de trabalho e de defender as cores da nossa bandeira.”

No dia 09 de janeiro, a Deputada Estadual e Presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de MG, Beatriz Cerqueira, encaminhou ofício ao Ministro da Educação, Camilo Santana, solicitando a exoneração do professor Janir Alves do cargo de reitor da UFVJM e a apuração de sua conduta no exercício do cargo. No documento a deputada detalha com provas as manifestações públicas e nas redes sociais do reitor as ações e manifestações fomentando o desrespeito ao estado democrático de direito, em relação ao resultado das eleições 2022 e incentivando atos terroristas em apoio ao ex-presidente do país.  Já no dia 10 de janeiro, a deputada encaminhou informações sobre a conduta do reitor para o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, com o intuito de obter o seu afastamento do cargo.

Apoiador declarado do ex-presidente, Janir Alves apresenta um histórico de denúncias de medidas autoritárias e embates com a comunidade acadêmica dos Vales de Jequitinhonha e Mucuri. Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) “A gestão interventora de Janir Alves tem sido marcada pelo autoritarismo, por perseguições à comunidade universitária, pelo esvaziamento dos conselhos superiores e órgãos colegiados, além do não cumprimento das decisões do Conselho Superior. O interventor também tem adotado medidas privatistas, como a tentativa de avançar na venda de serviços dentro da universidade e a ampliação do Ensino a Distância (EAD), medidas articuladas à proposta do Reuni Digital, apresentada pelo governo federal”.

O então reitor da UFVJM, é um dos fundadores da Associação dos Reitores das Universidades do Brasil – AFEBRAS, fundada junto com  cinco outros reitores e reitoras nomeados de maneira arbitrária por Bolsonaro, em 2021. Todos os membros pediram desfiliação da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES neste período, reforçando seu desrespeito à legítima instituição que tem sido a  representante oficial das Universidades Federais no diálogo com o governo federal, associações de professores, técnicos administrativos, estudantes e com a sociedade, em relação às  questões próprias das Universidades Federais no Brasil. . Recentemente, Janir Alves protocolou um documento encaminhado ao comandante do 3° Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, pedindo apoio para o bloqueio de rodovias no Alto Vale do Jequitinhonha para os apoiadores golpistas de Bolsonaro.

É inadmissível que alguém que ocupe o mais alto cargo na condução de uma Universidade Pública, compactue e apoie atos golpistas que atentam contra a democracia e o pleno funcionamento do Estado democrático de direito. A decisão do FORIPES reforça o compromisso das universidades públicas mineiras com a defesa e permanência da Democracia e pelo respeito à Constituição brasileira e ao processo eleitoral legítimo e legal pelo qual vivenciamos em 2022.

Democracia sempre!