Acontece no APUBH

Nota da Diretoria do APUBH em Solidariedade ao povo Chileno

Nota da Diretoria do APUBH em Solidariedade ao povo Chileno

Desde a última semana, uma revolta popular se espalhou no Chile. Iniciada pelos estudantes secundaristas, devido ao último aumento da passagem no metrô em Santiago. Sendo o salário mínimo no Chile de 1678 reais, o gasto de 250 reais em passagem de metrô por mês é um grande peso. No entanto, esse aumento foi apenas a gota d´água que culminou com a revolta. Aumento recente da energia elétrica, alto custo de vida, as pensões e aposentadorias baixíssimas com o sistema de capitalização, sucateamento da saúde pública, precarização do trabalho, educação paga mesmo nas Universidades públicas, e privatização do serviços essenciais como a energia elétrica e principalmente da água, em um país com graves problemas hídricos. O Chile explodiu. Manifestações gigantescas se espalharam por todo o país. A reação do Governo do Presidente Sebastián Piñera relembrou aos Chilenos o seu período histórico mais terrível: a ditadura do General Pinochet. O presidente decretou estado de emergência e toque de recolher. O quadro  é complicado, inclusive muitos colégios e universidades suspenderam as suas atividades por toda a semana.

O neoliberalismo foi imposto ao Chile brutalmente durante a ditadura militar. Todos os serviços e estatais foram privatizados, a Universidade pública se tornou paga. Os  Governos após a Ditadura, mesmo tendo mudado algumas estruturas, foram incapazes de romper com a Constituição de Pinochet,  mantiveram o perverso sistema de previdência por capitalização que leva os idosos Chilenos à miséria, a privatização dos serviços, a desigualdade social e concentração de renda, tendo sido incapazes de restabelecer a gratuidade da Universidade Pública. Neste quadro, segundo dados da CEPAL de 2017,  10 % dos lares chilenos concentrava 67 % da riqueza.  Em relação à educação Universitária, 32 % dos estudantes devedores, segundo dados do governos, não conseguem pagar a sua dívida.  Diante disso, 83 % dos Chilenos apoiam as manifestações, as maiores nas últimas décadas, com a participação de milhões.

Impossível não comparar a situação do Chile com a desigualdade social (e racial) e a enorme concentração de renda no Brasil. É importante lembrar dos ataques que os docentes universitários e demais categorias de trabalhadores vêem sofrendo com o Governo Bolsonaro. O seu ministro da Economia Paulo Guedes, declarou mais de uma vez que o modelo Chileno de previdência de capitalização, aquele que leva milhões à miséria, será ainda proposto pelo governo. Importante ficar atento com o novo projeto Future-se, que pretende desobrigar o Governo Federal do financiamento das Instituições Federais de Ensino Superior.

Neste contexto a Diretoria vem primeiramente se manifestar pelo fim do estado de emergência e a repressão do Governo Piñera que já levou a morte de 18 pessoas e prisão de quase 3000 manifestantes além de uma centena de feridos. A Diretoria do Apubh se solidariza com o povo Chileno na sua luta contra o neoliberalismo, contra a precarização do serviço público, por uma educação e saúde gratuitas e pelo fim da previdência capitalizada Chilena.

SINDICATO DOS PROFESSORES DE UNIVERSIDADES FEDERAIS DE BELO HORIZONTE, MONTES CLAROS E OURO BRANCO