Notícias

Responda, Paulo Guedes: que autoridade um cupincha dos banqueiros tem para chamar os servidores de parasitas?

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal do Estado de Minas Gerais – SITRAEMG.

A história está aí para mostrar. Paulo Roberto Nunes Guedes, um dos fundadores do banco Pactual – que, de acordo com a operação Lava Jato, possui um “Departamento de Operações Estruturadas” dedicado à lavagem de dinheiro – e de vários fundos de investimentos e empresas; um dos fundadores do IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais); um dos mais entusiasmados integrantes da equipe econômica do governo ditador de Augusto Pinochet que implantou o modelo previdenciário de capitalização no Chile, cujo desfecho foi o empobrecimento sem precedentes dos trabalhadores chilenos e uma crise político-econômica no país andino que vai levar décadas para acabar; suspeito de, através da GPG Consultoria, empresa da qual era sócio, ter repassado ilegalmente R$ 560,8 mil à Power Marketing, Consultoria e Planejamento, em 2007, em operação denunciada como lavagem de dinheiro mas “ignorada” pela Lava Jato.

Pois bem. Entre tantas outras bravatas, esse é o mesmo Paulo Guedes que, no início do atual governo, disse, em maio do ano passado, que os funcionários públicos têm culpa pela “roubalheira” que atingiu o país nos últimos anos; em setembro, afirmou que os “privilégios” dos servidores, com altos salários e estabilidade, fazem Brasília parecer “outro planeta”, ou à Versalhes da era pré-Revolução Francesa. E nessa sexta-feira (7), imbuído de impulsionar o rolo compressor da bancada governista no Congresso Nacional para a aprovação rápida das três PECs do famigerado Plano “Mais Brasil” e a proposta de Reforma Administrativa que virá em breve, disparou mais uma acusação gravíssima referindo-se aos trabalhadores do serviço público: “O hospedeiro (Estado) está morrendo. O cara (servidor) virou um parasita”.

É esse o mesmo Paulo Guedes que integra um governo que mantém um ministro da Educação que busca deseducar a população; outro (do Turismo) que é acusado de ter criado “laranjas” em Minas, em 2018, para o sucesso do partido pelo qual, na mesma época, também se elegeu o atual presidente da República; outro (da Justiça) que faz vistas grossas a toda e qualquer acusação contra membros do Executivo ou parentes e “amigos” do chefe maior; ou um secretário (de Comunicação) que, em contratos de publicidade do governo, favorece emissoras de TV com as quais empresa da qual é sócio mantém contrato privado.

Resta, agora, o senhor Paulo Guedes, cupincha do sistema financeiro, esclarecer à população brasileira: quanto ele ganhou para ajudar a estruturar as políticas do ditador chileno que levou os seus trabalhadores a receberem aposentadorias miseráveis, que muitas vezes não ultrapassam um quarto do valor do salário mínimo brasileiro? E quanto está embolsando para, depois de praticamente acabar com a Previdência Pública brasileira, dar prosseguimento a suas políticas mirabolantes de enxugamento do Estado cujo único objetivo é acabar com o serviço público e os direitos dos servidores e demais trabalhadores, para transformar o Brasil, de vez, no paraíso dos banqueiros, dos especuladores do mercado, do empresariado mais abjeto que possa existir.

A atitude do ministro da Economia não é só um caso de repúdio. Chegamos ao limite do desrespeito, da decência, do descalabro, do escracho. Como temos dito desde o ano passado à nossa categoria, “não importa em quem você votou. Temos que reagir”. Temos que pensar sim, e com urgência, na nossa greve geral do dia 18 de março. E todos estão convocados para decidirmos sobre essa adesão na AGE do próximo sábado (15/02), em Belo Horizonte. Parafraseando Caetano Veloso, vamos dizer a Guedes: o Chile “não” é aqui. Todos lá!