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O crime ambiental da Vale em Brumadinho, 5 anos depois

Há cinco anos, no dia 25 de janeiro de 2019, o Brasil registrou um dos maiores crimes socioambientais de sua história. Com o rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), cerca de de 12 milhões de metros cúbicos de lama tóxica encobriram pessoas, animais, vegetação, moradias e tudo mais o que encontrara pela frente. O ocorrido escancarou, de maneira traumática, as consequências, para as pessoas, para o meio ambiente e a sociedade, do avanço predatório da mineração.

Estima-se que 272 pessoas perderam a vida em decorrência do ocorrido. Algumas dessas, inclusive, nunca tiveram os seus corpos encontrados. E por volta de outras 1 milhão de pessoas, em 17 municípios no entorno da bacia do Rio Paraopeba foram afetadas. E o meio ambiente também pagou um alto preço. Ao longo de mais de 300 km do Rio Paraopeba, a água se tornou imprópria e sem condições de uso, segundo análise do SOS Mata Atlântica. Já o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) apontou perda de 138 hectares de florestas nativas. Para se ter noção da devastação, a área perdida equivale a 153 campos de futebol.

Apesar de toda essa destruição, os responsáveis ainda não foram punidos. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acusou 16 pessoas pelo crime de homicídio doloso, duplamente qualificado, no caso. Contudo nenhuma dessas pessoas foi ainda a julgamento, como foi denunciado pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem (AVABRUM). Da mesma forma, a empresa responsável pelo crime ainda não concedeu a devida reparação aos familiares das vítimas, bem como aos demais atingidos.

A impunidade é uma agressão à memória de todas as pessoas que perderam as suas vidas em decorrência desse crime. Até porque, ainda hoje, as consequências sociais, emocionais e ambientais continuam a fazer vítimas. Por tudo isso, não podemos e não devemos permitir que esse caso seja esquecido. Os responsáveis precisam ser expostos, julgados nos rigores das leis. As causas das violências socioambientais devem ser trazidas à tona, para serem conhecidas e combatidas pela sociedade. Seguimos em luta!