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Liberdade em risco: a censura na Academia

Durante a 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que aconteceu entre 24 e 30 de julho,  o  Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade da SBPC, apresentou o resultado preocupante de sua última pesquisa, que procurou saber se a liberdade acadêmica está realmente em risco no Brasil.

 

O objetivo da pesquisa foi averiguar a percepção de docentes do ensino superior, pesquisadores e estudantes de pós-graduação sobre violações e ameaças ao exercício da liberdade acadêmica e de cátedra ao longo dos últimos anos. Foram ouvidas 1.116 pessoas entre docentes, pesquisadores e estudantes de pós-graduação de todo o País, de instituições públicas e privadas.

 

Os primeiros resultados revelaram um grave cenário: cerca de 58% dos que responderam conhecem experiências de pessoas que já sofreram limitações ou interferências indevidas em seus estudos ou aulas. E entre 35% e 42% já limitaram aspectos de suas próprias pesquisas e conteúdos de suas aulas por receio de retaliações. Além disso, 43% dos respondentes avaliaram como ruins ou péssimos os procedimentos de suas instituições para lidar com denúncias de ameaças à liberdade acadêmica, conforme o portal Jornal da Ciência.

 

“Temos assistido a ataques sistemáticos que estão sendo cometidos em instâncias muito distintas. Antes mesmo do atual governo, já havia surgido movimentos como o Escola Sem Partido, que em nome de um moralismo que não reconhece direitos consagrados, ameaça a produção, a veiculação e a difusão de conhecimento”, afirmou Maria Filomena Gregori, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Observatório da SBPC, ao apresentar o painel na Reunião Anual.

 

O governo Bolsonaro é marcado por vários ataques à Educação e à liberdade de cátedra. Dos acumulados cortes de verbas destinados à Educação, às várias interferências nas nomeações de Reitores e Reitoras nas instituições públicas, o governo Bolsonaro tem demonstrado seu desprezo à Educação, especialmente à Educação Pública, e os planos de cercear e sucatear a área são percebidos desde janeiro de 2019.. Houveram também, interferências e erros graves no planejamento e aplicação das provas do ENEM, por exemplo, que ameaçam a qualidade e perspectivas do ensino superior no Brasil.

 

“É importante que a comunidade científica e acadêmica volte a se articular politicamente, se mantenha vigilante na proteção da liberdade acadêmica”, alertou a professora.

Professoras e professores, se organizem e contribuam para a defesa da Educação Pública no Brasil, conhecendo e fortalecendo seu sindicato!