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Inflação se torna insustentável

A dificuldade para comprar itens essenciais chegou em um ponto que não poderia ter chegado. Com o número de brasileiros e brasileiras em situação de miséria ou insegurança alimentar subindo exponencialmente, famílias estão, literalmente, passando fome. Em levantamento feito por pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB), foi apurado que mais da metade dos domicílios no país se encontram em situação de insegurança alimentar durante a pandemia, totalizando a porcentagem de 59,4%. De acordo com o artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a segurança alimentar é direito humano e é dever do governo garanti-lo.

Os alimentos produzidos no Brasil são suficientes para alimentar não só toda a população brasileira como também de outros países, e, mesmo assim, grande parte dos brasileiros e brasileiras estão passando fome. Com o governo Bolsonaro, os estoques reguladores, que serviriam para evitar desabastecimento e manter os preços em níveis no mínimo aceitáveis, simplesmente não existem mais. Pela primeira vez é verdade quando o governo diz que não tem como interferir no mercado e controlar os preços, afinal, os armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB – estão vazios. Ou seja, o governo ignorou solenemente, desde sua posse, o principal instrumento para garantir alimento na mesa dos brasileiros, principalmente dos mais pobres – uma política de produção e abastecimento de alimentos com qualidade ambiental e social.

A inflação tem o pior março desde 1994 e a alimentação e os transportes são quem têm pressionado o seu aumento. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março teve alta de 1,62%, comparado a fevereiro. Sob influência da alta dos combustíveis, o resultado do grupo de transportes fechou com o maior impacto individual (0,44 p.p.) no índice do mês. Cabe lembrar que, no dia 11 de março, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras foi reajustado em 18,77%.

Após grande polêmica sobre a alta das commodities, e dois dias após o governo anunciar um novo nome para comandar a Petrobras, a estatal anunciou redução no preço do gás de botijão (GLP) em 5,58%, valendo a partir do último sábado (9). Mesmo com a diminuição dos valores, o consumidor vem pagando cada vez mais caro pelo GLP. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, o preço subiu de R$ 102,4, em janeiro, para R$ 113,63 na semana passada. É uma alta de 10,9% no acumulado do ano.

Tudo isso nos leva ao cenário de carestia que estamos vivendo. O governo Bolsonaro é de fato, um governo proponente de uma necropolítica: quem o governo não matou na pandemia, agora corre o risco de morrer de fome. Urge a necessidade imperativa de se posicionar e agir, nas ruas, contra o governo Bolsonaro.