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IBGE prova mais uma vez a existência do racismo estrutural

Fonte: LPS

No dia 13 de novembro, em nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tivemos uma nova prova do racismo estrutural do Brasil. A pesquisa tornou público o fato de que os trabalhadores negros recebem, em média, R$10,1 por hora  enquanto  os trabalhadores brancos recebem  R$ 17 por hora. Nem mesmo o maior acesso à educação pode mudar mudar este quadro. Mesmo com o Ensino Superior completo, a diferença salarial permanece: enquanto os negros recebem em média R$ 22,7 por hora, o branco recebe R$ 32,8 por hora. Uma diferença de 69%. Estes dados ajudam a entender o abismo de desigualdade social existente no Brasil, em que os negros são a maior parte da população mais pobre.

Na ocupação de cargos  de gerência a desigualdade também é extremamente grande com negros representando somente 29,9%, embora representem 55,8% da população brasileira. Dentre os cargos de gerência, o IBGE fez uma divisão em cinco classe. De acordo com o relatório: “a divisão em cinco classes evidencia que, quanto mais alto o rendimento, menor a ocorrência de pessoas pretas ou pardas ocupadas em cargos gerenciais. Na classe de renda mais elevada, somente 11,9% das pessoas ocupadas com cargos gerenciais eram pretas ou pardas e 85,9% brancas. Por outro lado, nos cargos gerenciais de renda mais baixa, havia 45,3% de pretos ou pardos e 53,2% de brancos.

Dados estes fatos é possível perceber a dificuldade de ascensão social dos negros.. A situação econômica da população negra no Brasil é marcada pelo passado escravista que a relegou  à pobreza e discriminação social, marcada, em seu componente ideológico, pelo racismo. Os dados também acabam com a lógica da meritocracia, em que o esforço individual superaria as barreiras culturais e econômicas Não importa se os negros tenham estudado ou assumido cargos de gerência: eles continuarão discriminados através de salários inferiores aos dos brancos na mesma situação. Mesmo após a superação das teorias racialistas que justificaram a dominação dos europeus nos cinco continentes a partir do século XVI, nas sociedades pós-escravidão, o racismo mantém sua função de deixar grande parte da classe trabalhadora numa situação ainda muito semelhante à escravidão, permitindo que os patrões extraiam  mais lucro do sobretrabalho humano. Assim, na luta contra o racismo é fundamental que se desenvolva a consciência de classe, pois somente o fim da exploração de uma classe, a burguesia, sobre a outra, os trabalhadores, será possível acabar com o racismo e todos os mecanismos ideológicos que justificam a dominação burguesa. O fim do racismo passa, necessariamente, pelo fim da exploração burguesa.