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Evasão no ensino superior: mais da metade dos estudantes desistem dos cursos antes da conclusão

Assim como assegurar o acesso ao ensino superior, garantir que os estudantes tenham condições de permanecer nos estudos até a conclusão dos cursos também é um desafio no país. Para se ter uma noção do problema, por volta de 55,5% dos estudantes que ingressam no ensino superior desistem antes de concluírem os seus cursos. Essa é uma das conclusões do Mapa do Ensino Superior no Brasil, publicado pelo Instituto Semesp. A pesquisa, realizada entre 2017 e 2021, apontou, ainda, que apenas 26,3% dos estudantes completam a graduação no tempo devido.

Em entrevista à CNN, o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, apontou fatores econômicas entre as principais causas para a elevação da desistência. Até porque, o estudo também demonstrou que 90% dos estudantes ingressantes tinham renda de até 3 salários mínimos, sendo que quase metade (45%) possuía renda de até 1,5 salário mínimo. Com isso, a maioria dos jovens possui dificuldades para arcar com as despesas financeiras, ao longo da graduação. Situação que se torna ainda pior para estudantes matriculados na rede particular, em que também precisam arcar com as mensalidades. Algo substancial, considerando que a iniciativa privada é responsável por cerca de 80% da oferta de ensino superior no país.

Capelato, que foi o responsável pelo estudo, também acredita na necessidade de melhorar a qualidade do ensino básico a que a população tem acesso na rede pública.  Ainda de acordo com diretor-executivo do instituto, os problemas vivenciados na educação básica tendem a se refletir em dificuldades ao longo da graduação. Não por acaso, essa taxa elevada de desistência foi registrada no período após o golpe de 2016. Desde então, o projeto neoliberal que tomou posse do poder colocou em prática o desinvestimento da educação pública brasileira. Assim como em outros serviços prestados à população, era a mesma lógica de redução do Estado: sucatear para privatizar.

Não faltam dados que comprovem a necessidade de levar em consideração as condições materiais da população para assegurar o acesso à Educação, assim como as possibilidades de permanência. Por isso mesmo, destaca-se a importância de ações afirmativas de acesso e permanência de estudantes ao ensino superior. Da mesma maneira, não podemos ignorar a necessidade de investimento de Estado para que a população possa usufruir de seu direito constitucional a uma universidade que seja, de fato, pública, gratuita, inclusiva e de qualidade social.