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?As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual?, diz ministro da educação

“A ideia de universidade para todos não existe”. A declaração do Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, dada ao Valor e divulgada na segunda-feira 28, foi utilizada para justificar a manutenção do ensino técnico como um dos principais pilares da Reforma do Ensino Médio, aprovada por Medida Provisória no ano passado, no governo Temer.

“As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”, declarou Rodríguez. Segundo a reportagem, não está prevista a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas Rodríguez fala da urgência de reequilibrar os orçamentos. Ele também defende a continuidade do enxugamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), iniciado já na gestão como alternativa econômica para aliviar os cofres públicos.

Indicado ao cargo pelo filósofo Olavo de Carvalho, Rodríguez é defensor de agendas como expansão de escolas militares no país e o combate a uma suposta proeminência de ideias esquerdistas no ensino.

Na última semana, o governo anunciou metas prioritárias para os 100 dias iniciais de gestão. Na educação, uma das frentes é o Programa Alfabetização Acima de Tudo, que será alocado na recém criada Secretaria de Alfabetização, que tem à frente o secretário Carlos Nadalim, defensor do método fônico para resolver os problemas de alfabetização no país.

Em seu blog “Como Educar seus Filhos”, Nadalim afirma ser o letramento o vilão da alfabetização no País, além de classificá-lo como “uma reinvenção construtivista da alfabetização, fruto de uma preocupação exagerada com a construção de uma sociedade igualitária, democrática e pluralista em formar leitores críticos, engajados e conscientes”.

No vídeo, ele também critica a professora emérita da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Magda Soares, que tem tem mais de 60 anos dedicados à área da alfabetização, entre pesquisas, formação de professores e atuação direta em redes de ensino. Nadalim, por sua vez, tem experiência resumida a uma escola particular de sua família em Londrina.

Em recente entrevista ao Carta Educação, a especialista reagiu às colocações feitas pelo secretário, e afirmou: “O que ocorre nesse País inteiro é a predominância de escolas públicas com infraestrutura muito insatisfatória, com professores mal formados, salários miseráveis. Pensar que se resolve a alfabetização com o método fônico, é um simplismo, uma ingenuidade, uma ignorância, que me deixa indignada”.

 

Fonte: Carta Educação