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Após ENEM 2021 ser finalizado, diretor do INEP é exonerado

Conflito “ideológico” com o governo Bolsonaro indica ser o motivo. Mais de 30 servidores pediram demissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, desde o ano passado.

 

O diretor de Gestão e Planejamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Alexandre Avelino Pereira, foi exonerado na última quarta-feira (19) pelo governo federal.

 

A decisão, assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 19 de janeiro. O INEP é o órgão do governo responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), pelo acompanhamento e aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), além de ser responsável pelo Censo Escolar, entre outros procedimentos.

 

A exoneração do diretor aconteceu após a conclusão do ENEM de 2021, que encerrou no último domingo (16), com a reaplicação da prova para quem perdeu o exame em novembro passado. O último ENEM foi realizado em meio a um conflito que levou mais de 30 servidores do Instituto a renunciarem seus cargos. Além disso, servidores do INEP denunciaram assédio moral e suposta interferência no conteúdo da prova, no período do início da aplicação do exame.

 

O exame do ENEM tem sido criticado pelo governo Bolsonaro por conter questões com “ideologia”, palavra repetidamente utilizada pelo presidente que, aparentemente, utiliza-se vagamente do termo para escamotear seu real interesse, já que não explica onde e como o ENEM tem se utilizado da ideologia em sua prova. A filósofa Marilena Chaui nos ensina que “a ideologia é um ideário histórico, social e político que oculta a realidade, e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política”, práticas estas, costumeiras no atual governo.

Além de um novo nomeado para o cargo de ex-diretor, foram mencionadas mais duas diretoras para o quadro do INEP. Os nomeados foram Jofran Lima Roseno como diretor de Gestão e Planejamento, Joelma Kremer como diretora de Políticas e Regulação da Educação Profissional e Tecnológica e Tassiana Cunha Carvalho como diretora de Articulação e Fortalecimento da Educação Profissional e Tecnológica. Com isto o INEP perde sua comprometida história de órgão de governo para se tornar um órgão para o governo.

 

A política do governo Bolsonaro para o campo educacional é seu completo desmonte. Todas as instituições ligadas ao Ministério da Educação estão sendo destruídas. Para reverter este cenário, não há caminho fora de nossa mobilização contra o governo Bolsonaro.

 

Com informações dos jornais Metrópoles e Poder 360.

CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 9ª reimpr. da 2ª ed. de 2001. São Paulo: Brasilense, 2008. (Coleção Primeiros Passos, 13)