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Andifes institui GT para garantir funcionamento dos museus universitários

Fonte: UFMG.

Presidido pela reitora Sandra Goulart Almeida, Grupo de Trabalho reúne dirigentes de 23 instituições federais de ensino

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) criou o Grupo de Trabalho Museus Universitários, que ficará encarregado, nos próximos dois anos, de propor alternativas para garantir o funcionamento e o financiamento público dos museus universitários. A medida foi oficializada no último dia 3, por meio de resolução assinada pelo presidente da Andifes, João Carlos Salles, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os trabalhos começam ainda neste mês.

O GT reúne dirigentes de 23 universidades que mantêm museus e espaços de ciência e cultura. A coordenação do comitê foi entregue à reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “É uma alegria tê-la à frente desse comitê. É uma pessoa extremamente sensível para a questão dos museus”, afirma Salles.

O presidente da Andifes argumenta que museus são equipamentos complexos e essenciais na vida das universidades. “É um campo de prática fundamental para a comunidade e implica proteção do patrimônio e da memória, exigindo, portanto, cuidados e políticas bem definidas”, defende.

Formação e encantamento
Os museus, na avaliação da reitora Sandra Goulart, “são espaços preciosos, de enorme valor científico e cultural, nos quais são mantidos acervos inestimáveis recolhidos por pesquisadores durante estudos realizados ao longo de anos e que revelam importantes conhecimentos sobre a trajetória da humanidade, dos seres vivos e do planeta. Também são ambientes de formação acadêmica e cultural”. Eles também propiciam episódios de encantamento. “São inúmeras as possibilidades de descobertas oferecidas por esses espaços, que ensinam, esclarecem e nos convidam a caminhar de forma lúdica pelos espaços de ciência e cultura”, afirma a reitora.

Apesar disso, os museus brasileiros, em especial os universitários, não contam com condições adequadas de funcionamento, na avaliação da reitora. “Não há uma política que atenda especificamente aos museus universitários, que se encontram em um limbo, principalmente em termos de financiamento, pois não estão diretamente vinculados ao MEC nem ao Ministério do Turismo, ao qual está ligada hoje a Secretária de Cultura”, observa a coordenadora do GT.

Atualmente, há 212 museus vinculados a 23 universidades no Brasil, e 25 deles estão localizados na UFMG. “Não há uma verba específica para os museus”, lamenta a reitora. Ela acrescenta que os recursos empregados na manutenção desses espaços são provenientes do orçamento geral, que vem sendo drasticamente reduzido desde 2014. “Precisamos de uma linha própria de recursos para que tenhamos condições de manter e preservar esse patrimônio, que é público, é das universidades, mas também é de todo o país, e cuja guarda nos foi delegada”, defende Sandra Goulart, anunciando um dos eixos que vão mobilizar a atuação do GT.

Acervo da reserva técnica do Museu de História Natural e Jardim Botânico:

Sala da reserva técnica do MHNJB: necessidade de linha própria de recursos para financiar a preservação | MHNJB / Facebook.

Incêndios
A criação do GT surge em momento de dificuldade vivido pelos museus públicos brasileiros. Em 2018, o Museu Nacional, um dos mais importantes do mundo no campo das ciências naturais, foi alvo de um incêndio que comprometeu grande parte do seu acervo. No mês passado, foi a vez do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG sofrer com o fogo, que atingiu salas da Reserva Técnica 1, onde estavam guardadas importantes coleções de arte popular, arqueologia, paleontologia, etnografia, botânica e zoologia.

A UFMG criou um Comitê de Governança Emergencial para atuar nas questões urgentes relacionadas ao museu, contando, inclusive, com um grupo de trabalho para analisar a dinâmica do incêndio. Além disso, duas comissões foram instituídas para auxiliar no resgate e na preservação: a Emergencial de Resgate, que coordena ações de salvaguarda das coleções e dos objetos afetados, e a de Gestão de Preservação de Acervos, com perspectiva de atuação em longo prazo, que assessora a Diretoria do Museu na elaboração de medidas e estratégias para assegurar a manutenção adequada do acervo, incluindo a adaptação de suas edificações às exigências do Corpo de Bombeiros.