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Academias publicam nota apontando responsabilidades das autoridades com relação à pandemia

Fonte: ABC.

NOTA DOS PRESIDENTES DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS, DA ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA E DA ACADEMIA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DO BRASIL

A Academia Brasileira de Ciências, a Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil e a Academia Nacional de Medicina, com o compromisso de difundir informações científicas baseadas em evidências e, em especial, assessorar gestores e autoridades na difícil tarefa de conduzir o Brasil durante esta gravíssima crise associada à COVID-19, vêm ressaltar a necessidade de haver grande responsabilidade social e de evitar atitudes irresponsáveis e danosas à sociedade

Em todos os países, governantes e população estão enfrentando problemas relacionados ao trágico número de mortes e às consequências econômicas. A ciência tem tido um destaque especial, trabalhando, noite e dia, para testar vacinas e investigar novos medicamentos. A atuação responsável e transparente das autoridades governamentais, apoiada no conhecimento científico, é extremamente necessária neste momento.

Assim, sentimo-nos obrigados a comunicar nossa apreensão quanto ao comportamento inadequado demonstrado por parte de nossos governantes.

É imprescindível resguardar a população e diminuir o número de óbitos e quadros graves. Condutas e discursos precisam ser responsáveis, para não agravar a crise e por respeito às centenas de milhares de brasileiros mortos. Não podem ser toleradas, nesta hora tão difícil, a exploração político-partidária oportunista, declarações mentirosas e rixas pessoais e institucionais.

Nossos médicos e cientistas, nossa imprensa e muitos órgãos da sociedade têm se desdobrado desde março na obtenção e divulgação de respostas e soluções. Suas recomendações não podem ser ignoradas. É preciso produzir e difundir informações transparentes, baseadas em evidências científicas, levando a posturas, atitudes, exemplos e comportamentos adequados de toda a sociedade.

O distanciamento físico e o uso constante de máscaras, reconhecidos em todo o mundo como necessários para mitigar o alastramento da pandemia, seguem com frequência desrespeitados por muitos políticos, que assim podem contribuir, pelo mau exemplo, para mais óbitos. Por quê?

Infelizmente, interesses menores, muitas vezes oportunistas e relacionados a situações eleitorais ou comerciais, também estão presentes neste cenário e precisam ser identificados e neutralizados para o bem comum.

Estamos frente a novos desafios. As orientações sobre o registro e a aplicação das vacinas, considerando as situações específicas de nosso país, merecem muita reflexão e discussão para identificação correta dos pontos que devem nortear a estratégia comum à sociedade brasileira. Essa questão não pode continuar a ser tratada como briga de torcida e busca de holofotes na mídia.

Mais do que nunca, é necessária uma agenda comum, onde evidências científicas possam ajudar a nortear as decisões, também em relação às vacinas.

A ANVISA, como agência máxima de saúde, necessita ser respeitada e blindada contra interesses mesquinhos e ignorantes, para conseguir manter sua credibilidade e forte papel decisório.

As Academias Brasileira de Ciências, de Ciências Farmacêuticas do Brasil e Nacional de Medicina vêm novamente ressaltar a importância do diálogo, da construção de uma agenda comum e transparente e a necessidade de trabalharmos juntos neste grande pacto nacional pela saúde e pela vida.

A sociedade brasileira espera, merece e exige Responsabilidade Social por parte de seus dirigentes, com políticos e gestores à altura dos grandes desafios e da potencialidade do povo brasileiro.

 

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2020

 

Luiz Davidovich Acácio Alves de Souza Lima Rubens Belfort Jr.
Presidente Presidente Presidente
Academia Brasileira de Ciências Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil Academia Nacional de Medicina