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Em entrevista ao APUBHUFMG+, docentes filiados ao SINDUFAPE comentam a vinculação ao ANDES-SN

O APUBHUFMG+ prossegue com a publicação da série de entrevistas com docentes filiados a seções sindicais vinculadas ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Nesta segunda edição, tem-se a conversa com os professores Marcius Petrucio e Nilson Carvalho, respectivamente, tesoureiro e secretário geral da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco – SINDUFAPE.

As entrevistas foram concedidas à professora Analise de Jesus da Silva, 1ª vice-presidenta do sindicato e coordenadora do Setor de Organização da Política Sindical do APUBH em Âmbito Nacional. As conversas foram registradas, em fevereiro deste ano, durante a participação de representantes do APUBHUFMG+, como delegação convidada, no 41º Congresso do ANDES-SN, realizado no Campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco/AC.

Fique atento às redes sociais e ao informativo semanal do sindicato para não perder as próximas entrevistas.

 

ANALISE DE JESUS DA SILVA – Queria que você se apresentasse. Qual a sua seção sindical e o que vocês estão representando aqui?

Marcius Petrucio (UFAP) – A gente vem representando a SINDUFAPE – com a letra E no final –, que é a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco. Porque tem outra seção, a SINDUFAP [Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Amapá].

A UFAPE foi emancipada cerca de quatro anos após a sua fundação. E a gente está nessa primeira gestão, a primeira diretoria depois da diretoria provisória. Meu nome é Marcius Petrucio, eu sou tesoureiro.

 

Também pode se apresentar.

Nilson Carvalho (UFAP) – Eu sou o Nilson, Nilson Carvalho. Atualmente, estou ocupando a Secretaria Geral da SINDUFAPE, essa seção sindical que é relativamente nova. E também representando aqui a SINDUFAPE, com essa delegação de dois camaradas da diretoria.

 

Qual é o estado de vocês?

Pernambuco, do agreste do Pernambuco.

 

Qual é a motivação para sua seção sindical se filiar ao ANDES-SN?

É uma história peculiar. Em relação à história recente, inclusive, do ANDES-SN. Como Marcius disse, a SINDUFAPE nasce como consequência da emancipação da unidade acadêmica de Garanhuns, que pertencia à Universidade Federal Rural de Pernambuco. Nesse sentido, alguns de nós éramos filiados à ADUFERPE, que é a associação da UFRPE. Com essa emancipação, houve a necessidade de criar uma nova seção com autonomia, principalmente, para organizar a nossa classe, nosso local de trabalho. Então, é muito interessante porque saímos daquele eixo da multicampi para uma seção própria. Acho que uma das motivações é, justamente, o fato de conhecermos a história do ANDES Sindicato Nacional, na base da ADUFERP, e ser a alternativa, inclusive, de apoio para uma seção nova, para uma seção que vem com todos aqueles problemas, tanto financeiros como de organização propriamente e de organização política. Então, uma das motivações é termos a garantia de sermos filiados a um sindicato que tem toda a sua história e que já conhecíamos, pois estamos na sua base desde a outra seção. Essa foi a motivação: firmar os nossos compromissos em relação à história que já tínhamos no Sindicato Nacional.

 

Como vocês fazem para as suas demandas específicas serem escutadas, serem debatidas no ANDES-SN? Como é que isso acontece?

Depois das assembleias e das reuniões da própria diretoria, em geral, o caminho é pela Regional Nordeste 2. Inclusive, a regional tem acompanhado muito a gente nesse início, em vários sentidos. Realizamos um encontro local da Regional Nordeste 2, em Garanhuns. Eu acho que essa é a ênfase mesmo. Como a VPR [vice-presidente da Regional] da Nordeste 2 esteve presente, lembrando de alguns fatos que foram importantíssimos para nós.

A presença do ANDES-SN, por meio da Regional Nordeste 2, foi uma oportunidade para a própria sistematização da organização da nova seção e para tirar dúvidas em relação a essa transição. Principalmente, por ser uma novidade o desmembramento e aquilo que envolve a parte que esses filiados contribuíram para a seção antiga.

Assim, por questão de transparência e de continuidade, é importante que essa seção nova, mas com filiados que já estavam colaborando com a contribuição sindical para a seção anterior, também estejam providos daquilo que contribuíram e podia fazer parte do patrimônio da própria seção. Nesse sentido, tanto a assessoria jurídica do ANDES-SN, quanto à sua tesouraria, mediada pela Regional Nordeste 2, foram importantíssimas, desde esses trâmites até o desenvolvimento, propriamente dito, da cartilha para criação de uma seção, para as assembleias, para firmar essas assembleias em cartório, os editais. Pois, apesar de estarmos na base de uma seção sindical, o nosso envolvimento nos aspectos organizativos em relação à seção estava muito distante da capital onde essa burocracia podia acontecer. Isso foi determinante para a criação da nova instituição.

 

Então, falando direto com o tesoureiro: financeiramente, foi oneroso para vocês se filiarem ao ANDES-SN?

Não, eu diria até pelo contrário. Primeiro, porque nós tivemos essa “herança”, a ADUFERPE teve uma ajuda nesse sentido. Eu posso recordar depois, de forma precisa, se foi uma quantia de R$ 20 mil ou de R$ 30 mil, mas foi fundamental, bem como os auxílios do Sindicato Nacional. Nesse sentido, tivemos essa cobertura e esse apoio –  acho que, por um prazo de seis meses. O ANDES-SN ajudava com depósitos mensais – é outro número que, agora, eu vou ficar devendo.

E também para complementar, ficamos alguns meses sem precisar fazer o repasse. Tivemos toda a cobertura, assessoria sendo contemplada, mas sem precisar contribuir. Durante a provisória, aquela história toda, nós não precisávamos fazer repasse e nem os nossos filiados. Isso também foi muito bom.

Em quais espaços, a participação no ANDES-SN, a partir do momento da filiação – agora como seção sindical, não mais como subseção –, garantiu que vocês estivessem presentes?

Primeiramente, o apoio financeiro. Os auxílios ajudavam, por exemplo, em algum deslocamento em relação ao encontro regional, mas também nos próprios eventos. Pelo menos, em dois momentos – acho que em um CONAD e em outro congresso, nós tivemos aquele auxílio que o ANDES-SN dá para às seções, até sem fiscalizar. Lembrando que nós somos sessenta e dois, então, a presença é importante.

E a nossa seção nasceu em pleno período de pandemia. Se eu não me engano, alguns CONADs extraordinários da pandemia eram realizados online. Por essa circunstância, pudemos estar presentes e participar com a delegação completa. Já nos encontros presenciais, tem esse auxílio para a participação. E, principalmente, na Nordeste dois, essa proximidade nos ajuda a interferir, de fato, nos espaços deliberativos, organizativos e de atos do próprio do ANDES-SN.

Na avaliação de vocês, há espaço para disputa política interna no ANDES-SN?

Sobra espaço para as disputas. O que mais tem é disputa política interna. Nós podemos falar, por exemplo, de grupos. A nossa antiga seção estava marcada por um grupo que, durante três mandatos, vem dirigindo a seção e, é preciso dizer, eles se organizaram muito bem e organizaram muito bem a seção, em muitos aspectos. É um grupo que fazia uma certa oposição à diretoria atual do ANDES-SN. Mas essa ideia hegemônica, dentro do sindicato, deixava pouco espaço de atuação ou de voz mesmo, de trabalho político das correntes minoritárias, até por uma questão natural do debate democrático. Mas a nossa avaliação é que essas disputas acontecem.

Já na nossa seção sindical, elas acontecem um pouco mais distantes daquelas que são centralizadas nos próprios congressos e CONADs do ANDES-SN. Porque nós somos uma universidade no agreste do Pernambuco. Ou seja, com a maioria dos cursos relacionados ao agro. E por isso, entre os próprios docentes, o discurso mais corrente é o discurso do agro. O discurso empresarial. Ainda lidamos com bolsonaristas – não, necessariamente, entre os docentes, porque estes evitam o sindicato. Então, a nossa disputa não chega nem perto da disputa das esquerdas no ANDES-SN, mas mesmo no sindicato há disputas internas.

Na verdade, as disputas são mais nas questões da organização propriamente da seção, no debate mais interno, em relação às pautas locais e ao diálogo e debate com a reitoria. E os documentos do ANDES-SN, do Congresso do ANDES-SN, nos orientam também na nossa organização.

 

Vocês sentiram diferença na escala? Ou seja, qualificou as lutas de vocês no ANDES Sindicato Nacional? Teve uma mudança de patamar? O que vocês fazem hoje, vocês fariam do mesmo jeito, sem estar ligado ao ANDES-SN nacional?

Hoje, certamente fazemos mais, temos mais participação, direito a voz e voto em mais lugares e mais espaço, do que era enquanto subseção. Eram menos representantes, de fato, menos pessoas que estavam ali. Hoje, nós temos um grupo que é de lá, está sempre lá, consegue atuar com outros movimentos de forma mais efetiva – inclusive, ajudando também algumas entidades, às vezes, até nessa questão financeira. Então, muita coisa que não conseguíamos fazer, hoje podemos. Achamos ótima essa ideia do Sindicato Nacional trabalhar na base e todo esse formato, de como vai evoluindo até chegar em pautas mais gerais, nacionais ou internacionais. Eu acho, inclusive, que esse é um fator determinante para a nossa seção, determinante para a sua fundação. Porque senão, o máximo que conseguiríamos seria uma associação de pessoas e alguns militantes que iam tentar militar em algum lugar. Se não fosse por isso, não precisaríamos sair da seção anterior, da antiga seção. Para nós, a filiação ao ANDES-SN, foi determinante para essas coisas, nos apoios das pautas locais. Inclusive, para dialogar e ajudar outros movimentos sociais, como estamos fazendo agora, ajudando na criação de sindicatos das outras categorias. Por exemplo, estamos incentivando os técnico-administrativos e tivemos várias reuniões com os DAs dos movimentos estudantis, que até agora não conseguiram fundar o DCE. Acho que nosso pioneirismo de puxar a coisa é determinante por causa da filiação do ANDES-SN. Ou seja, parece que já temos essa expertise do movimento sindical, apoiados por toda essa grandeza do sindicato.

 

Há alguma coisa que vocês acham que eu deveria ter perguntado e não perguntei?

Eu quero elogiar essa pesquisa e dizer que queremos unificar as lutas. Nós queremos isso nas pautas, vamos falar com as trabalhadoras e os trabalhadores. Nós precisamos melhorar a comunicação. Acho que é o caminho para estruturar melhor a nossa representação. Então, eu acho que vale muito a pena pensar nessa questão, de voltar ao ANDES-SN, conhecer melhor o ANDES-SN.

Hoje em dia, por exemplo, pouca gente conhece sobre centrais sindicais. Se formos conversar com nossos pares, quase ninguém vai saber o que é CSP. É verdade. A maioria não vai às assembleias. Nós temos que trabalhar para que a maioria participe. Do contrário, faltam informações, faltam argumentos.  Então, entendo a nossa participação no ANDES-SN como mais uma coisa na direção da luta. E é uma ironia, não é? Que nós, uma seção nova, já chegue no ANDES-SN com uma proposta de desfiliação de uma central maior. Parece um movimento invertido do que estávamos falando.

Poderíamos dizer aos companheiros do APUBH que, no nosso caso, esse apoio foi determinante para a criação da nossa seção. E quem sabe, pela história do APUBH, um convite para que vocês venham contribuir com as seções menores militando. Nós temos que conhecer mais da política de formação sindical, assim é muito considerável com temas diversos a serem contemplados também.