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Sai Ministro, entra Ministro e o MEC continua a reboque da ideologia bolsonarista

No último dia 11 de maio o atual Ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, compareceu pela primeira vez enquanto ministro perante os deputados das comissões de Educação e de Fiscalização da Câmara. A participação do ministro nesta sessão foi inerente às investigações sobre o escândalo de corrupção envolvendo o Ministério da Educação, em que o ex-ministro, Milton Ribeiro, teria agido no sentido de facilitar que dois pastores, nomeadamente Arilton de Moura e Gilmar Santos, agissem como lobistas para liberar verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para municípios. Dentre os vários absurdos que o processo está evidenciando, certamente o mais marcante foi o pedido de 1 kg de ouro feito pelo pastor Arilton ao prefeito Gilberto Braga, da cidade Luís Domingues (MA) para que a cidade conseguisse os recursos do MEC.

Victor Godoy negou qualquer participação nesses escândalos de corrupção envolvendo o Ministério da Educação. Em suas respostas, afirmou: “Não participei de agendas com os pastores. Não era do meu conhecimento. O ex-ministro da Educação, nunca solicitou ou impôs que eu realizasse qualquer ato em desacordo com a pátria”. Afirmou ainda que em três eventos que participou e em que esteve com esses pastores foi a convite do ex-ministro Milton Ribeiro.

Pois bem. Reportagem da Folha, publicada no dia 4 de maio, evidenciou que foi com a assinatura de Victor Godoy, em seu cargo anterior, diretor executivo do MEC, que foi feita a tentativa para que o pastor Arilton de Moura fosse nomeado gerente de projetos da secretaria-executiva do MEC, em 17 de novembro de 2020, pelo ofício nº 696/2020. O salário base de Arilton superava os 10 mil reais. Além do ofício de nomeação, outros seis documentos, assinados por Godoy, foram enviados do MEC à Casa Civil, declarando idoneidade moral, reputação ilibada e ausência de vínculos que pudessem ser enquadrados como nepotismo por parte de Arilton de Moura. Apesar de todo este esforço, o pastor não foi aprovado pela Casa Civil. Vale ressaltar que Arilton de Moura e Gilmar Santos tiveram 127 registros de visita ao MEC e ao FNDE durante o governo Bolsonaro. Seria mesmo possível que Victor Godoy, que tanto se esforçou para nomear como um dos seus gerentes de projetos um dos envolvidos no escândalo, se não o conhecesse e não tivesse relações próximas com ele?

Fato é que, no governo Bolsonaro, sai ministro, entra ministro, a situação do MEC continua a mesma. Godoy já é o sexto Ministro da Educação de Bolsonaro. Todos seus antecessores tiveram denúncias de envolvimento em situações  ilícitas e/ou condutas no mínimo inapropriadas ao cargo que ocupavam. O Ministério da Educação de Bolsonaro não é um órgão ligado à educação: é um balcão de negócios.

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022