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Por um dia 1º de maio de luta

No dia 1º de maio é celebrado o Dia do Trabalhador, no Brasil e em vários países do mundo. Este é um dia de extrema importância para a classe trabalhadora mundial. Sua origem remonta ao ano de 1886, quando uma greve geral paralisou os parques industriais da cidade de Chicago, nos Estados Unidos. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras paralisaram suas atividades por melhores condições de trabalho e redução da carga horária diária máxima de trabalho. As manifestações foram duramente reprimidas pelas forças de segurança e continuaram fortes durante alguns dias. No ano seguinte as manifestações de 1º de maio se espalharam para outros países.

No Brasil, a primeira manifestação em praça pública ocorreu já em 1892 em Porto Alegre / RS, um ano depois que a Segunda Internacional Socialista decidiu que a data deveria ser dia de luta de  todos os trabalhadores nos vários países. O Estado Novo varguista, na década de 1930, fez do Dia do Trabalho um momento de divulgação e propaganda do próprio governo, marcado pelos traços claramente fascistas, pela consolidação das leis trabalhistas e por criar mecanismos estatais de controle do movimento dos trabalhadores.

O 1º de maio, portanto, é forjado na luta dos trabalhadores e as trabalhadoras. Lutas estas que tiveram profundo impacto nas conquistas em relação aos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Foi justamente na virada do século XIX para o XX que os trabalhadores e trabalhadoras, constituídos em suas organizações políticas e sindicais e dotados de consciência de classe, conseguiram grandes vitórias, como o direito às férias e descanso remunerado, jornada de trabalho regulamentada por lei, regulamentação do trabalho infantil e feminino, dentre várias outras conquistas.

Vivemos, hoje, momento de retrocesso das conquistas históricas da classe trabalhadora. A EC95 (Lei do Teto de Gastos), a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, além dos subsequentes ataques a principal instância de representação dos trabalhadores, que são os sindicatos, explicitam o retrocesso nos direitos da classe trabalhadora.  Não é “só” isso. Vivemos ainda um momento de intensa carestia.

A fome, que pouco tempo atrás era apenas uma lembrança amarga ao brasileiro, voltou pela ultra neoliberal política-econômica do governo Bolsonaro. Hoje existem mais de 19 milhões de brasileiros em situação de fome. Pesquisa da Datafolha, realizada em março deste ano, elucidou que ao menos um em cada quatro brasileiros não possui comida suficiente em sua mesa. O desemprego atinge mais de 11 milhões de brasileiros e 38 milhões estão em situação de informalidade no trabalho. Dentre os desempregados, 30% dos trabalhadores estão procurando novo emprego há pelo menos  2 anos. Toda a estrutura de prestação de serviços por parte do Estado, mesmo em áreas essenciais como saúde e educação, está sendo desmontada por criminoso desinvestimento estatal.

Neste cenário, não é uma opção: o dia 1º de maio precisa ser um dia de mobilização e luta. O que se comemora não é o trabalho que é, inclusive, uma forma de exploração habilmente manipulada e utilizada pelo sistema político-econômico atual. O que deve ser exaltado é a trabalhadora e o trabalhador, aqueles que dependem única e exclusivamente da venda de sua força de trabalho para garantir a sobrevivência em um mundo em que a ganância e a busca incessante pelo lucro são a lógica vigente. Por um 1º de maio combativo, contra a fome, contra a carestia, contra o governo Bolsonaro.

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022