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Relatório da CEPAL demonstra que os efeitos econômicos da COVID-19 são ainda piores para as mulheres

A Comissão Econômica para América Latina e o Caribe, CEPAL, no dia 10 de fevereiro, emitiu relatório intitulado “A autonomia econômica das mulheres na recuperação sustentável e com igualdade”, que demonstrou que os efeitos da pandemia da Covid-19 na região foram ainda piores para as mulheres. Isso se deve ao fato de que as mulheres são maioria nas profissões de maior precarização e risco de destruição de empregos, a exemplo do serviço doméstico, hotelaria e comércio, e possuírem menor acesso ao crédito para recuperar ou manter negócios.

Além desses efeitos sobre o emprego, há ainda o impacto sobre profissões feminizadas, que estão sob a crescente precarização das condições de trabalho no cenário atual, tais como saúde e educação, o que coloca as trabalhadoras em situação de maior risco, com proteção insuficiente contra o coronavírus. Esses setores de alto risco representam 56,9% do emprego das mulheres e 40,6% do emprego dos homens na América Latina. A disparidade é ainda maior em alguns países, como no México, onde 65,2% das mulheres se encontram empregadas em setores muito golpeados pela crise, contra 44,9% dos homens.

No setor da educação, a situação é alarmante. Na América Latina, 70,4% dos postos são ocupados por mulheres. De acordo com o relatório: “O corpo docente (altamente feminizado) teve que responder às novas formas de educação, em muitos casos sem a possibilidade de formação ou capacitação prévia e sem as competências ou os recursos suficientes para poder adaptar seu trabalho às exigências do ensino à distância e o uso de plataformas”. Tal situação aplica-se ao Brasil, onde os sistemas de Ensino Remoto Emergencial foram e continuam sendo aplicados sem nenhuma discussão com os representantes da categoria. Ainda de acordo com o estudo da CEPAL, o papel das escolas, para além da educação, como, por exemplo, para garantir alimentação das crianças, fez com que os funcionários colaborassem com diversas tarefas, sendo um  exemplo a distribuição de materiais sanitários, escolares e alimentos.

O diagnóstico do relatório é que os Governos adotem políticas de recuperação econômica com perspectiva de gênero para reduzir a desigualdade. A necropolítica bolsonarista caminha no oposto disso. A título de exemplo, podemos citar o fato de, no país, os setores apontados pelo relatório como feminizados e alvos de precarização do trabalho, saúde e educação, serem majoritariamente compostos por funcionárias públicas, estando eles na mira de uma reforma administrativa que, em lugar de ser uma “política de recuperação econômica com perspectiva de gênero para reduzir a desigualdade”, destruirá as carreiras das servidoras públicas, precarizando ainda mais um setor já devastado pela pandemia.

Precisamos ter a dimensão das disparidades de gênero no mundo do trabalho para entendermos como e onde agir. Nós, do APUBHUFMG+, nos comprometemos a lutar contra as desigualdades de gênero e a mobilizar-nos contra aquele que tem sido seu principal aprofundador: o governo de morte e de fome de Jair Bolsonaro.

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022