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Nota de repúdio aos atos de intimidação a professores, cientistas críticos e pessoas contrárias às políticas do Governo Bolsonaro

Leia a Nota da Diretoria do APUBH.

Nota de repúdio aos atos de intimidação a professores, cientistas críticos e pessoas contrárias às políticas do Governo Bolsonaro

 

O Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco – APUBH, repudia veementemente às recentes ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Amazonas (Sinteam), no dia 25 de julho de 2019, e também à tentativa de intimidação de professores  durante a 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) no dia 23 de julho de 2019.

Repudiamos a intervenção autoritária da PRF no Sinteam, que invadiu com três policiais fortemente armados, uma reunião de professores e interpelaram os presentes quanto a uma manifestação contrária à presença do presidente Jair Bolsonaro em Manaus (AM). A reunião buscava coordenar atos pacíficos contrários ao desmonte da educação e em defesa da Amazônia. Segundo relatos dos presentes, publicados em redes sociais, os policiais passaram meia hora interrogando professores sobre os atos e seus organizadores.

Gravíssima foi também a ação ocorrida durante a palestra do professor Sidarta Ribeiro na 71ª Reunião da SBPC, em que quatro militares fardados entraram no auditório e começaram a filmar a palestra e também os presentes, com câmeras profissionais e tripés. Como foi apurado por diversos veículos de imprensa, não houve qualquer solicitação, formal ou não, de gravação por parte do Exército, configurando uma clara tentativa de intimidação do palestrante e dos presentes, que, no momento, criticavam e denunciavam o desmonte da educação promovido pelo Governo Bolsonaro. Relatos de participantes indicam que os militares buscaram filmar e fotografar, de perto, pessoas que estavam no local, causando incômodo em todos.

Esses dois acontecimentos, ocorridos em um intervalo de três dias, configuram graves tentativas de intimidação a docentes críticos às políticas educacionais do governo atual, que podem impactar na liberdade de expressão e cátedra. Essas ações também extrapolam a jurisdição de membros das Forças Armadas e ao direito de reunião previsto na Constituição Federal.

A esses dois fatos somam-se os recentes e graves ataques do presidente Jair Bolsonaro à memória e às famílias das vítimas da Ditadura no país, especificamente, o presidente da OAB, Fernando Santa Cruz, cuja morte do pai, Bolsonaro afirmou conhecer a causa. Não satisfeito, o dirigente do país ainda classificou como balela os relatórios da Comissão da Verdade, mais uma vez, negando a existência de período tão sinistro da história do país.

Presenciamos, no atual cenário no país, ataques às universidades, à educação e à saúde públicas brasileiras, aos direitos trabalhistas e previdenciários, à cidadania, à memória, à democracia, à liberdade de expressão, à cultura, à alteridade e à vida.  A UFMG, historicamente, foi, e continuará a ser, um espaço de resistência e de luta pelo direito de ser e de viver conforme os princípios democráticos previstos em nossa Constituição. Chamamos a categoria docente a se unir e juntar forças com os demais sindicatos, entidades, movimentos sociais e populares para manifestar publicamente a nossa indignação e lutar para reverter essa série de desmontes e ataques.

 

Diretoria do APUBH