Acontece no APUBH

Nota de Apoio ao MST e contra a absurda instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST

NOTA DE APOIO AO MST e CONTRA A ABSURDA INSTAURAÇÃODA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) DO MST

Maio de 2023

 

Nós, pessoas filiadas ao Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH), prestamos nossa solidariedade a todas as pessoas camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que é um movimento político, de massas, autônomo e social brasileiro surgido em 1984, que procura articular e organizar as pessoas trabalhadoras rurais e a sociedade para conquistar a Reforma Agrária popular e apoio à Agricultura Familiar e aos povos tradicionais, sob os princípios da educação popular, libertadora e de qualidade social, diante da instalação de uma absurda Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), forjada por setores da poderosa economia agrária, representada em peso na Câmara e no Senado Federal, conhecidas como bancadas da Bala, da Bíblia e do Boi.

As perseguições políticas cometidas têm como intencionalidade pôr fim à história e a atuação do MST, sendo mais uma maneira de justificar a militarização da luta pela posse da terra, incentivando a repressão do Estado e as outras formas de violência no meio rural. Portanto, descaracterizar e criminalizar 39 anos de muitas lutas, nas cinco regiões do Brasil nas quais vem travando sua justa luta pelo direito à terra, à moradia, ao trabalho e à cidadania. E como resultado dessa justa luta temos que o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina; produtor também de feijão, farinha, batata, mandioca, café, queijo, açúcar etc. Em complementaridade a isso, vem criando escolas de ensino fundamental e médio nos assentamentos e acampamentos em que se organizam cerca de 450 mil famílias no Brasil. Entendemos o Campo para além de um espaço de produção, também como local de moradia, reprodução social e cultural, espaço de luta e território com significação histórica.

E é aqui que uma de nossas esquinas se cruza com a do MST, uma vez que a Educação é uma das áreas prioritárias de atuação daquele Movimento, que desde a sua origem desenvolveu processos educativos e incluiu como prioridade a luta pela universalização do direito à escola pública de qualidade social, da infância à universidade, entendendo que o acesso e a permanência são fundamentais para inserir toda a base social na construção de um novo projeto do Campo.

Nesse sentido, o MST busca construir coletivamente um conjunto de práticas educativas na direção de um projeto social emancipatório, protagonizado pelas pessoas educadoras do Campo. A construção de uma escola ligada à vida das pessoas, que torne o trabalho socialmente produtivo, a luta social, a organização coletiva e colaborativa, a cultura e a história como matrizes organizadoras do ambiente educativo escolar na perspectiva da educação popular com qualidade social, com a participação da comunidade e auto-organização das pessoas estudantes e educadoras, se desafiando a tomar a agroecologia como ciência e eixo articulador do currículo nos processos organizativos. É importante salientar que os Povos do Campo buscam produzir alimentos saudáveis preservando o meio ambiente e a cultura e isso também conecta o campo e a cidade.

Na mesma direção, seguimos nós, pessoas formadoras daquelas educadoras, pessoas pesquisadoras das lides do Campo em uma perspectiva emancipatória, pessoas extensionistas que atuamos em projetos junto às comunidades camponesas em que os saberes tradicionais e os acadêmicos se entrecruzam e produzem conhecimento.

Embora saibamos que o governo Romeu Zema  vem fechando escolas no e do Campo, contrariando o que prevê a LEI 23197, de 26/12/2018 (Plano Estadual de Educação – PEE), destacamos que o MST tem mais de 2 mil escolas públicas construídas em acampamentos e assentamentos; 200 mil pessoas crianças, adolescentes, jovens, adultas e idosas com acesso à educação garantido, seguindo deliberações da Conferência Estadual de Educação (CEEMG 2022); 50 mil pessoas adultas e idosas que foram alfabetizadas e que não podem dar continuidade à escolarização, por não haver cobrança das administrações municipais quanto à oferta de anos iniciais do Ensino Fundamental, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ou Lei nº 9.394/1996 (LDB); 2 mil pessoas estudantes em cursos técnicos e superiores; mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades públicas por todo o país. E aqui destacamos o nosso curso Licenciatura em Educação do Campo (LECampo), da UFMG, e o Programa Escola da Terra que, juntos, têm demarcado na formação e no desenvolvimento profissional de pessoas que atuam em escolas do e no Campo a defesa da educação e de uma escola de direito, ou seja, de luta por uma educação para e com os povos camponeses, como sujeitos de suas histórias e com perspectivas de futuro.

É diante disso que entendemos que a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na qual não estejam presentes aqueles e aquelas que não comungam com os interesses econômicos dos grandes oligopólios e da elite rural que vem se organizando em torno de um instrumento tão relevante quanto uma CPI com a intencionalidade de destruir quase quatro décadas de história de luta no Campo, é injusta, antidemocrática, reacionária e na contraposição à nossa Constituição da República Federativa do Brasil, uma vez que não há elementos para a criação da referida CPI.

Neste sentido é importante e urgente o debate amplo sobre a relevância da agricultura camponesa no Brasil, porém que este tenha como protagonistas, os Movimentos Camponeses de pessoas Trabalhadores Sem Terra, aquelas que lidam com a Agricultura Familiar, aqueles que são Povos Tradicionais, enfim, as pessoas despossuídas do Campo. Basta de políticas ditadas por aqueles quem serve à grande propriedade rural e aos grupos empresariais que levam venenos às nossas mesas, ao ar, aos solos e às águas.

ASSINAM:

Nome completo Núcleo/Projeto/Programa/Curso na UFMG
  1. Adolfo Cifuentes
EBA/UFMG

2. Aline Magalhães Pinto

Faculdade de Letras

3.Almir de Sousa Martins

FISIOLOGIA E BIOFÍSICA

4. Amélia Pereira Batista Porto

Faculdade de Educação Professora

5. Ana Cristina Fricke Matte

Texto Livre/FALE/UFMG

6. Ana Luiza de Quadros

Instituto de Ciências Exatas – Química

7.Ana Maria Arruda Lana

Medicina

8.Ana Maria Chiarini

Faculdade de Letras

9. Ana Paula Baltazar

MOM/ NPGAU/ Escola de Arquitetura/ UFMG

10. Analise de Jesus da Silva

Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre pessoas jovens, adultas e idosas NEJA FaE UFMG

11. André Miglio Porto

Independente

12. Andréa Mara Macedo

Programa de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia

13.Andréa Siqueira Carvalho

Geografia/IGC

14. Angela Maria Ribeiro

PPP Neurociências e PPG Bioquímica e Imunologia.

15. Anna Palma

FALE

16. Antônio José Lopes Alves

EBAP/COLTEC e PPGE-PROMESTRE/FaE

17. Bernardo j Oliveira

aposentado

18. Carla Char Melo Sampaio

Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social / Faculdade de Educação / UFMG

19. Carlos Camarão de Figueiredo

Ciência da computação

20. Cesar Vieira

FMUFMG

21. Cláudio Márcio Oliveira

DMTE/FAE/UFMG

22. Cristina Gonçalves Ferreira

Poslit

23. Cristina Maria Marques

Matemática

24. Deise Prina Dutra

Letras

25. Dirceu Greco

Medicina

26. Donizete de Paulo

Fae

27. Elcio da Silveira

ICA

28. Eliana Guimarães Almeida

Docente EBTT

29. Elisa Maria Amorim Vieira

Faculdade de Letras

30. Elizabeth Engert Milward a. Leitão

Fafich -Psicologia aposentada UFMG

31. Fabíola Martins Monção

ICA/UFMG

32. Fernando Braga Campos

Escola de Música

33. Filipe Santos Fernandes

Licenciatura em Educação do Campo – UFMG

34. Geraldo Márcio Alves

Lecampo

35. Handerson Leonidas Sales

ICA/UFMG

36. Helena Lopes da Silva

Escola de Música

37. Janice Helena Silva de Resende Chaves Marinho

Linguística

38. Jean-Francis Poulet

Amigos do MST na França

39. João Valdir Alves de Souza

Prodoc

40. José Maria Porcaro Salles

Aposentado

41. Lia Araujo Miranda de Lima

Faculdade de Letras

42. Liana Lobo Baptista

Centro Pedagógico da UFMG

43. Libéria Rodrigues Neves

Promestre FaE

44. Lizia Maria Porto Ramos

Aposentada CP

45. Lúcia de Almeida Ferrari

FALE

46.Lúcia Maria Fantinel

IGC – Profa. Aposentada

47. Margarete maria de Araújo Silva

Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura

48. Maria Auxiliadora Pereira Figueiredo

ICA

49. Maria Clarice Lima Batista

Doutorado Psicologia Social

50. Maria José Cabral Grillo

Enfermagem

51. Maria Luiza Grossi Araújo

IGC

52. Maria Raquel Vasconcelos de Albergaria

Mestrado Antropologia

53. Maria Rosaria Barbato

Direito

54. Marly Nogueira

APUBHUFMG

55.Mateus van Stralen

Arquitetura UFMG

56. Matheus Anchieta Ramirez

Grupo de Estudos da Agricultura Familiar

57. Mônica Valéria Costa Vitorino

FALE

58.Nair Costa Muls

Professora aposentada da Fafich/UFMG

59. Nivaldo Lúcio Speziali

Física

60. Orlando Gomes de Aguiar Junior

Faculdade de Educação

61. Paulo Roberto Saturnino Figueiredo

Professor aposentado da FAFICH-UFMG

62. Priscila Carlos Brandão

FAFICH

63. Reinaldo Martiniano Marques

Faculdade de Letras

64. renata lima aspis

Faculdade de Educação

65. Roberto Eustaquio dos Santos

Arquitetura e Urbanismo

66.Rodrigo Antonio de Paiva Duarte

Filosofia

67. Rosane Chagas Oliveira

Veterinária

68. Sandra Bianchet

FALE

69. Silke Kapp

Programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo

70. Silveria Rodrigues Ferreira

Professora aposentada Escola de enfermagem

71. Sônia Queiroz

Letras

72. Teresinha Fumi Kawasaki

Faculdade de Educação

73. Tiago Castelo Branco Lourenço

Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura

74. Valer Lúcio de Pádua

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

75. Vanessa Ferraz Almeida Neves

EnlaCEI/NEPEI

76. Welington Ferreira de MAGALHÃES

Química UFMG

77.William James Nogueira Lima

Engenharia de Alimentos