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Governo Bolsonaro: pobreza e miséria para quem?

O ministro da economia, Paulo Guedes, afirmou inúmeras vezes que pelas suas ações a economia brasileira iria decolar. O ministro cometeu um equívoco. Não foi a economia brasileira que decolou: o salto financeiro que ocorreu foi o de suas próprias finanças. A fortuna de Guedes investida em uma empresa offshore, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, aumentou em R$ 16 milhões.

Estes dados fazem parte de um megavazamento de informações promovida pela investigação do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês), nomeada Pandora Papers, que vazou dados de ao menos 35 líderes de Estado atuais e passados, bem como de ao menos 300 funcionários públicos, que aparecem em arquivos de empresas offshore, geralmente sediadas em paraísos fiscais. Estes “paraísos” são espaços nos quais não se cobram (ou se cobram poucos) impostos.

Apesar do fato aparentemente não caracterizar crime para o cidadão comum, o Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras passíveis de ser afetadas por políticas governamentais e em relação as quais, em razão do cargo ou função tenham acesso a informações privilegiadas. Devemos destacar que, no mínimo, há um grave conflito de interesses entre possuir estes investimentos em offshores e ocupar o cargo de ministro da economia. Em julho do ano passado, Paulo Guedes atuou em uma decisão que modificou regras de declaração anual de ativos no exterior, elevando o limite do valor que pode ser declarado às autoridades tributárias brasileiras que passou de 100 mil dólares para 1 milhão. Além disso, o motivo do “milagre da multiplicação” do patrimônio do ministro da economia foi a alta do dólar, que vem ocorrendo desde 2019.

Enquanto o patrimônio do ministro cresce, os efeitos de sua política econômica afetam a maior parte da população brasileira. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), demonstraram que 74% das famílias brasileiras estavam endividadas em setembro. Além disso, o resultado da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostra, também no mês de setembro,  que as famílias estão se endividando para dar conta de necessidade básicas, para renegociar as dívidas atrasadas e o motivo é a redução do poder de compra da população causada pela inflação, salário arrochado e desemprego.

Na última medição realizada pelo IBGE, finalizada em julho, o desemprego caiu de 14,4 milhões para 14,1 milhões de pessoas. Porém, o número de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas bateu recorde no mesmo período, atingindo o número  de 7,7 milhões de pessoas.

Ou seja, enquanto enriquece pela própria política econômica, Paulo Guedes afunda os brasileiros em endividamento, desemprego e, os que conseguem trabalho, estão trabalhando e recebendo menos que deveriam. Como se não bastasse, é perspectiva da equipe econômica do governo Bolsonaro aprovar a PEC32, a Reforma Administrativa, para aumentar privilégios de poucas elites precarizando o serviço público e criando justificativas falaciosas para sua privatização. Desses serviços públicos, depende a maior parte da população brasileira.

Na prática, o que o governo Bolsonaro vem fazendo é  aumentar ainda mais o fosso de desigualdade social no Brasil. É um governo de morte, de fome e que visa atender aos interesses dos mais ricos, em detrimento das condições de vida dos mais pobres.

 

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022