Acontece no APUBH

Em live do SINTECT-MG, o APUBH defende que aulas presenciais só devem ser retomadas após imunização

Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios de Minas Gerais realizou atividade online com a participação de representantes do setor da educação

“Retorno às aulas sem vacina é irresponsabilidade” foi o tema de live promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios de Minas Gerais (SINTECT-MG), na noite desta quarta-feira (17/02). Clique aqui para assistir à live na íntegra.O APUBH UFMG+ esteve presente, representado pela professora Maria Rosaria Barbato, presidenta do sindicato. A mediação do debate foi feita por Robson Silva, presidente do SINTECT-MG. A live também teve as participações de Denise Romano, coordenadora geral do Sind-UTE/MG, de Eliene Novaes, diretora da UnB, e de Maria Dolores Zundt, professora da rede estadual de São Paulo.

Robson Silva abriu a atividade online ressaltando a importância desta oportunidade de diálogo entre a categoria representada pelo SINTECT-MG e integrantes do setor da educação. Diante da pandemia que afeta todo o país, ainda segundo ele, este é um momento de união de todas as trabalhadoras e trabalhadores. “O problema que os trabalhadores dos Correios estão passando hoje é reflexo de uma política geral que também afeta outras categorias, como petroleiros, eletricitários e também as professoras e os professores de todo o país”, definiu.

Mesa virtual da LIVE “Retorno às aulas sem vacina é irresponsabilidade”, promovida pelo SINTECT-MG, no 17/02. | Imagem: Reprodução.

O presidente do SINTECT-MG classificou como uma “irresponsabilidade”, que governantes proponham o retorno do ensino presencial, neste momento em que a vacinação ainda não cobriu nem 5% da população brasileira. Ele ainda aproveitou para elogiar as falas das convidadas, definindo alive como uma “aula de resistência e de como construir uma unidade para derrotar esse governo genocida.”

Necessidade de mobilização do setor da educação

A professora Maria Rosaria (APUBH UFMG+), em sua fala, ressaltou que a pressão pelo retorno das aulas presenciais acontece, justamente, em um momento de aumento do número de casos de infecções e de mortes em decorrência da Covid-19. Ela observou ainda que essa pressão se dá, sobretudo, por parte dos donos de escolas privadas em todo o país. Contudo, esse movimento pela retomada das atividades presenciais, ainda segundo a docente, também acaba se refletindo no ensino público.

A professora apresentou dados que mostram que, em São Paulo, casos de novas infecções causaram o fechamento de onze das escolas que retomaram o ensino presencial, sendo sete unidades de ensino públicas e quatro, particulares. “O fato de as escolas particulares no estado de São Paulo terem voltado às atividades uma semana antes das escolas públicas e, ainda assim, terem menos casos de fechamento por infecções por Covid-19, demonstra a disparidade infraestrutural entre escolas públicas e privadas no Brasil. Ou seja, como sempre, os filhos das famílias mais pobres serão ainda os mais afetados”, analisou. Os hospitais pediátricos da capital paulista, ainda de acordo com os dados apresentados pela docente, registraram aumento nas internações por Covid-19, logo após esse retorno às aulas. “Mesmo com esses dados, nessa e em outras localidades, o cenário aponta para a mesma pressão de retorno às atividades presenciais”, disse.

Professora Maria Rosaria Barbato, presidenta do APUBH UFMG+: “Nenhuma instância de poder tem o direito de se posicionar contra aqueles que se propõem a defender a vida” | Imagem: Reprodução.

A presidenta do APUBH UFMG+ alertou para a possibilidade de que venham a ser adotadas medidas para forçar o retorno às aulas presenciais, por conta da pressão exercida pelos governos federal, estaduais e municipais. “Todos esses fatores apontam para a necessidade de que todos os profissionais da educação e estudantes se preparem para uma greve sanitária. Nenhuma instância de poder tem o direito de se posicionar contra aqueles que se propõem a defender a vida”, ratificou.

A coordenadora geral do Sind-UTE/MG, Denise Romano,  alertou para o fato de que, embora o retorno às aulas presenciais esteja em pauta, grande parte das escolas públicas do estado não dispõe de condições físicas adequadas para isso. Como exemplo, ela comentou que diversas escolas públicas mineiras não possuem janelas, mas blocos de vidro, que garantem a luminosidade, mas que não permitem a circulação de ar – condição esta que é fundamental para prevenir o contágio pelo novo coronavírus.

Na opinião dela, as dificuldades enfrentadas atualmente expõem problemas que são anteriores à pandemia, uma vez que a falta de condições técnicas e de infraestrutura compromete as atividades desenvolvidas por trabalhadoras e trabalhadores de escolas públicas do estado. Denise Romano enfatizou que a retomada das presenciais só poderá ser planejada “quando a imunização for coletiva e enxergarmos um horizonte de saúde e garantia de vida”. “Precisamos lutar pela vida, pela nossa categoria, pelos nossos alunos, pela vacinação para todas e todos”, reforçou.