Acontece no APUBH

Desafios do trabalho docente na atual conjuntura é o tema da quarta Live do APUBH

Iniciativa contou com a parceria do SINDCEFET-MG e do Sind-REDE BH

Dando continuidade à série de Lives nesses tempos de pandemia, o APUBH UFMG+ realizou, no dia 27/05, a discussão “O trabalho docente e os desafios do momento atual”. A quarta Live do APUBH teve a participação de Kênia Miranda, professora da Faculdade de Educação da UFF e integrante do Grupo de Pesquisa Observatório da História da Classe Trabalhadora, e de Laerte Sznelwar, professor livre-docente da USP e integrante do Grupo de Pesquisas sobre Trabalho, Tecnologia e Organização do Trabalho. A Live ainda contou com mediação de Helder F. Paula, professor do Colégio Técnico da UFMG e 2º vice-presidente do APUBH, e saudações de Cleyton Santos, professor da rede municipal de BH e diretor do Sind-REDE BH, e Suzana Zatti Lima, professora do CEFET-MG e presidente do SINDCEFET-MG. A Live pode ser conferida na íntegra no canal do APUBH no YouTube, através deste link.

A Live começou com as saudações dos representantes sindicais. Suzana Zatti, do SINDCEFET-MG, frisou a importância da iniciativa e parceria entre os sindicatos: “É um prazer estar com os meus pares. Nesse momento precisamos nos unir, para trabalhar e reivindicar da melhor maneira possível, já que não podemos ir às ruas”. Cleyton Santos, do Sind-REDE BH, destacou o desafio que a pandemia impõe a professoras e professores e a importância da discussão entre as diferentes categorias: “Estamos num momento de ataques e precisamos reagir e defender o serviço público e a educação”.

O tema “O trabalho docente e os desafios do momento atual” foi debatido pela professora Kênia Miranda, da UFF, e pelo professor Laerte Sznelwar, livre-docente da USP. A mediação foi feita pelo professor Helder F. Paula, 2º vice-presidente do APUBH UFMG+ | Imagem: Reprodução.

A professora Kênia Miranda iniciou sua fala comentando os resultados de sua pesquisa sobre o trabalho docente, onde analisa a natureza sócio-histórica, em especial o período da sindicalização docente pós-Constituição de 88. Kênia destacou o papel dos sindicatos na pressão pela construção de políticas públicas na área da educação no período pós-ditadura militar. Ressaltou que um dos debates iniciais era o de pertencimento ou não dos docentes à classe trabalhadora e as especificidades dos docentes como trabalhadores. “Os questionamentos eram se estávamos submetidos a mesma lógica de exploração de trabalho, se temos interesses de luta em comum e a conclusão foi de que sim, os trabalhadores docentes têm suas especificidades no trabalho, que, todavia, não os distanciam dos interesses em comum da classe trabalhadora”, pontuou.

O professor Laerte Sznelwar ressaltou as mudanças provocadas pela pandemia do Covid-19 no trabalho docente. “Nossas próprias competências profissionais foram colocadas em xeque, quando precisamos sair da área de domínio e ir para a frente da tela de um computador, dando aulas. Perdemos uma coisa fundamental na educação, que é o contato direto”. Laerte questionou o papel político do professor, que deve se posicionar para não repetir modos de dominação e opressão. “O trabalho do professor é enorme, porque ele deve trabalhar as individualidades, o coletivo e a si próprio ao mesmo tempo”, explicou.

Os participantes ainda comentaram perguntas da audiência da Live. Questionada sobre como aumentar o engajamento docente nos sindicatos, Kênia respondeu que essa é uma dificuldade de toda classe trabalhadora. “Para esclarecer a questão da educação, enquanto um direito fundamental, é preciso avançar nas lutas sociais dentro da classe como um todo. Pensar isso significa que nós da educação, que somos e precisamos nos entender como trabalhadores, temos que atuar na construção de uma alternativa à realidade posta, que já era ruim antes da pandemia”, afirmou. Para Laerte, é preciso entender a questão do serviço público como distinta do serviço privado e combater a individualização, para estimular a solidariedade coletiva. “As pessoas, muitas vezes, nem mesmo se sentem como trabalhadores de uma mesma classe. Temos um trabalho grande e difícil, que é resgatar e reforçar o coletivo na nossa profissão”, finalizou.