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Comitê Popular BH de Combate à Covid | EDITORIAL: A expansão dos casos de Covid: estamos diante da 4ª onda?

Há sinais evidentes de que os casos de Covid-19 estão em franca expansão no Brasil. Há mais de 10 dias a média móvel de casos vem apresentando aumento significativo e, infelizmente, o número de mortes ainda se mantém em patamares inaceitáveis para uma doença que tem prevenção por medidas de barreira simples e vacinas eficazes, seguras e acessíveis pelo SUS. Esta piora dos indicadores da pandemia pode ser comprovada pelos gráficos apresentados na edição de hoje do Boletim do Comitê Popular de Belo Horizonte contra a Covid.

Essa provável nova onda tem algumas características bem marcantes:

  1. Subnotificação significativa, acentuada pela não realização do exame e também pela não notificação dos exames positivos realizados em farmácias ou por autotestes domiciliares;
  2. Relaxamento total das medidas não farmacológicas: seguindo as (des)orientações das autoridades sanitárias, o uso de máscaras em locais fechados foi abolido levando a população a acreditar que a pandemia seria finalizada com um decreto ;
  3. A disseminação de nova subvariante da Ômicron (BA2), com alta capacidade de infecção/transmissão e capaz de escapar da resposta imune de pessoas vacinadas e/ou com infecção passada por Covid;
  4. O aparente descolamento da curva de casos e mortes não é boa notícia, pois não é possível banalizar a morte de 3 pessoas em média em BH por covid/dia neste primeiro semestre de 2022;
  5. Falta de transparência na divulgação dos dados pela prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

O decreto da PBH publicado coincidentemente logo após o lançamento do Comitê Popular em 3 de junho recomendando e não obrigando o uso de máscaras em locais fechados foi contraproducente por dois motivos. Primeiro, grande parte da população sequer tomou conhecimento do decreto e, segundo, porque, sendo apenas recomendação, permite que cada estabelecimento público ou privado possa decidir sobre a exigência ou não do uso da máscara em seus ambientes.

Infelizmente, a resposta das autoridades da saúde incorre nos mesmos erros do passado recente, que também incluem as baixas testagem e transparência na divulgação dos dados. Para agravar este quadro, a banalização da pandemia trouxe outro efeito gravíssimo, que é o descumprimento do período de isolamento ou mesmo o não isolamento de casos sintomáticos e contatos. Há vários relatos de pessoas sintomáticas frequentando espaços fechados e sem máscara, seja nas salas de aula, no transporte público ou nos locais de trabalho. Recente trabalho mostrou que até 50% das pessoas sintomáticas no Reino Unido continuavam a frequentar esses espaços normalmente (Rubin GJ, et al. BMJ Open 2022;12:e060511. doi:10.1136/bmjopen-2021- 060511). BELO HORIZONTE (MG), 10 DE JUNHO DE 2022 | EDIÇÃO 02 9 Vale acrescentar o risco da “Covid Longa” ou da “Síndrome Pós Covid Aguda” que acomete até 20% da população adulta que teve covid e que pode se manifestar mesmo após quadros leves ou moderados (Lara Bull-Otterson et al.Weekly / May 27, 2022 / 71(21) com ampla manifestações clínicas tais como: fraqueza, falta de ar, esquecimento, dor muscular e tosse crônica entre outros sintomas.

Por tudo isso, este Comitê recomenda enfaticamente que o uso de máscaras volte a ser obrigatório nos locais de aglomeração e espaços fechados, medidas mais rigorosas para isolamento de sintomáticos e seus contatos e incentiva a todas e todos para completar o esquema de vacinas e que sejam reforçadas as campanhas de vacinação.

A vacina, disponível no SUS, é a melhor ferramenta para enfrentar esta pandemia, pois protege contra as formas moderadas e graves da covid. Use máscaras! Vacine-se!

 

Comitê Popular Belo Horizonte de Combate à Covid

 

Leia o boletim Semanal de Monitoramento: BOLETIM 02 | Comitê Popular Belo Horizonte de Combate à Covid