Acontece no APUBH

Aulas presenciais sem ou com vacinação docente?

Discussão sobre o tema iniciou ciclo de reuniões preparatórias para assembleia docente

Com o tema “Vacina – prioridade para docentes”, começou, na manhã desta quarta-feira, 24/02, o ciclo de reuniões preparatórias para próxima assembleia geral extraordinária do APUBH, que será realizada no mês de março. Serão cinco encontros preparatórios, realizados em três dias, para discutir os temas que farão parte da pauta da assembleia: Vacina (prioridades), Retorno Presencial e Ensino Remoto Emergencial (ERE), #ForaGovernoBolsonaro, Resolução 10/95 e Reforma Administrativa.

Participaram da primeira reunião, a professora Valéria Morato, presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro/MG), Cícero Feitosa (pai de estudante de escola pública) e a professora Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).  A conversa foi coordenada pela 1ª vice-presidente do APUBH, professora Analise de Jesus da Silva.

Primeira a falar, Valéria Morato comentou a luta travada pelo sindicato em defesa da vida dos professores e professoras da rede privada de ensino, desde a batalha judicial para a suspensão das aulas no início da pandemia até a liminar do TJ que impede a volta às aulas presenciais.

Ela informou que, atualmente, o sindicato tem trabalhado em uma campanha pela vacinação e se colocou à disposição para trabalhar, junto com as escolas e os órgãos responsáveis, os protocolos de retorno, “que na nossa avaliação, não podem ser protocolos sanitários. A pandemia nos trouxe muito mais consequências. Os protocolos sanitários são preventivos”. Para Morato, deve haver, protocolos para diminuir os impactos da pandemia “que são protocolos pedagógicos, protocolos psicológicos ou emocionais, porque as pessoas não vão voltar para as escolas da forma como saíram emocionalmente”.

Por fim, ela explicou que o que se pleiteia para os professores é a testagem, a organização do retorno, o afastamento de 14 dias, em caso de contágio ou contato com pessoa contaminada, o aceite pela escola do atestado de comorbidade e que o retorno às aulas se dê somente após a vacinação. E disse compreender que a pressão para o retorno para a volta às aulas é grande e que a volta é necessária, mas é importante acontecer dentro das condições ideais de segurança para todos e todas.

Para Cícero Feitosa, pai de aluno de rede pública, “o retorno às aulas sem vacina representa um salto no escuro. É uma iniciativa de muita irresponsabilidade”.  De acordo com ele, apesar de reconhecer a relevância do papel da escola na formação dos alunos e nas relações de sociabilidade, não é o momento de voltar, pois estamos preservando a vida. “O papel da escola, dessa troca de experiências, da troca de conhecimentos, é importante, e [a pandemia] mostrou a incapacidade que tem esse modelo de educação à distância sem a devida preparação, sem o devido aprofundamento, sem a devida técnica; ele mostrou a dificuldade que é, mas nós estamos tratando da vida, então não dá pra retornar”, disse.

A professora Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), falou sobre os desafios enfrentados pela sociedade na pandemia, destacando a categoria da educação. “A nossa categoria pelas características que ela tem, pelas características da escola, pelas características dos sujeitos da escola, dos sujeitos de direito da escola, a escola foi o primeiro lugar a fechar. Há a batalha para que seja o último a abrir com imunização para trabalhadores e para a comunidade, para todos”, disse. Ela ainda alertou para a irresponsabilidade da forma como o debate para o retorno presencial está sendo feito e para o fato de que “as escolas não têm condições de reabertura sem vacinação, tanto pra nós quanto para a faixa etária dos estudantes que já têm autorização para vacinar, quanto para a população”.

Romano e Morato mencionaram os casos de professores e professoras que, obrigados a retornar à sala de aula, foram contaminados pela Covid 19 e precisaram ser afastados do trabalho. Ambas as dirigentes sindicais foram enfáticas na defesa da vacinação como requisito para volta às aulas presenciais. Elas também criticaram a carta publicada recentemente por 1200 médicos defendendo a volta às aulas, sem a escuta dos docentes e sem considerar as condições sanitárias das escolas.

As reuniões preparatórias são organizadas por uma comissão composta por membros da Diretoria Geral e do Conselho de Representantes do APUBH.  A ideia é promover uma discussão de cada tema e “que se configurem como passos na construção coletiva de Assembleias mais qualificadas técnica e politicamente”, conforme texto do comunicado sobre as reuniões.