Acontece no APUBH

O aumento de casos de Covid-19 e a necessidade de manter as medidas de biossegurança

Desde o dia 28 de maio, o uso de máscaras de proteção contra Covid-19 em ambientes fechados deixou de ser obrigatório na capital mineira, conforme o Decreto nº 17.943 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A medida de flexibilização se juntou a outras que vinham sendo adotadas na cidade. Os infectologistas Carlos Starling e Unaí Tupinambás, contudo, já alertavam para a necessidade de manutenção das medidas de segurança sanitária. Na avaliação destes especialistas, a diminuição dos cuidados, juntamente com a chegada do frio, poderia alavancar o aumento de casos da transmissão de doenças respiratórias infectocontagiosas, como a gripe e o próprio novo coronavírus. Belo horizonte, inclusive, registrou recordes de baixas temperaturas, nos últimos dias.

E os casos aumentaram. O boletim epidemiológico da PBH, publicado em 17 de maio, confirmou um aumento de 18,4% nos casos de contágio por Covid-19, em relação à semana anterior. No dia 15 de maio, os dados demonstravam que a incidência de casos por 100 mil habitantes subiu de 38,3 para 45,1. O aumento do número de contágios levou a Secretaria Municipal de Saúde, na quarta-feira da semana passada (18/05), a ponderar sobre a possibilidade de revogar a decisão que fez o uso de máscaras de proteção contra Covid-19 em ambientes fechados deixar de ser obrigatório na capital. O comunicado foi publicado apenas vinte dias após a publicação do decreto da PBH.

Daniela Muradas, professora da Faculdade de Direito da UFMG: “a adoção de protocolos de biossegurança deve se pautar pelo princípio da máxima precaução”

A comunidade da UFMG também sentiu os efeitos do aumento de casos de contágio. Na quarta-feira passada (18/05), a Faculdade de Medicina suspendeu por sete dias as aulas presenciais em três turmas, devido à confirmação de três ou mais casos de covid-19 em cada uma delas. A medida atende aos protocolos do Plano de Retorno Presencial da universidade. No dia seguinte (19/05), uma medida semelhante foi adotada pela Faculdade de Educação (FaE), que suspendeu as aulas presenciais de uma turma do curso de Pedagogia. A administração da UFMG reforça que, apesar das resoluções municipais, o uso de máscaras e outras medidas de segurança continuam sendo obrigatórias nas dependências da universidade.

Em conversa com o APUBHUFMG+, a professora Daniela Muradas, da Faculdade de Direito da UFMG, reforçou que esta atitude ajuda a resguardar profissionais em ambiente laboral, bem como de toda a comunidade acadêmica. Doutora e especialista em direito do trabalho, a professora analisou que: “a adoção de protocolos de biossegurança deve se pautar pelo princípio da máxima precaução. O que, inclusive, deve ser utilizado no debate da flexibilização do uso de máscaras e outras medidas de proteção contra o contágio de Covid-19 e outras moléstias”. Assista à entrevista com a professora Daniela Muradas, na íntegra, no canal do APUBHUFMG+ no YouTube: youtube.com/apubhufmgsindicato

Governo Bolsonaro dá fim ao estado de emergência em saúde pública

O aumento das contaminações, no entanto, não se restringe a Belo Horizonte. A média móvel de casos de Covid-19 teve um aumento de 33,6% em um mês, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), divulgados no dia 17 de maio. Para piorar esta situação, o Boletim do Observatório Covid-19, publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), alertou para a existência de desigualdades na imunização no Brasil, o que contribui para a persistência da pandemia. Fora do Brasil, as coisas também não estão fáceis. O comitê de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) deliberou, por unanimidade, que a Covid-19 continua a ser classificada como uma pandemia, devendo ser tratada como uma “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional”.

O governo Bolsonaro, todavia, mantém sua postura negacionista, sem se importar com a Ciência e os alertas das autoridades sanitárias nacionais e internacionais. No domingo passado (22), o Ministério da Saúde decretou o final do estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), adotado por causa da pandemia da Covid-19. A medida foi tomada na contramão dos dados nacionais de contágio e da possibilidade de que o país enfrente uma nova onda da doença.

APUBHUFMG+ em defesa da vida!

Nós, do APUBHUFMG+, acreditamos que o poder público deve estar comprometido com a vida da população, a começar pela adoção de medidas de segurança sanitária condizentes com o cenário atual da pandemia. A pandemia demonstrou, na prática, a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) para o país, apesar do subfinanciamento a que está sendo exposto. Por isso mesmo, é preciso aumentar o investimento do Estado em políticas de saúde pública. Devemos reforçar, ainda, a necessidade de financiamento público das pesquisas científicas, haja visto a sua importância para sustentar, planejar e adotar medidas sanitárias.

O sindicato mantém, assim, o seu compromisso de luta em defesa da vida da população. Luta esta que reflete, justamente, as mobilizações contínuas que a categoria vem protagonizando em defesa da Democracia, pelos direitos do funcionalismo público e por mais investimentos do Estado nas áreas de CT&I e nos serviços prestados às brasileiras e aos brasileiros.