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Maioria da população acha aumento do Auxílio Brasil insuficiente e eleitoreiro, revela pesquisa

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 15/2022 ganhou vários apelidos, tais como PEC do Desespero, PEC Kamikaze, PEC dos Auxílios, PEC das Eleições, entre outros. E não era para menos, pois o governo Bolsonaro pouco tentou esconder o caráter eleitoreiro da proposta. Com as pesquisas indicando poucas chances de reeleição, essa foi uma tentativa desesperada de alavancar a sua popularidade junto às classes brasileiras, especialmente as mais pobres. E para isso, o governo se valeu da diminuição do poder aquisitivo do povo, para justificar práticas populistas. Cenário esse que tem, no próprio bolsonarismo, um dos seus principais responsáveis.

Aprovada às pressas pelo Congresso Nacional, a PEC 15/2022 permite que o governo federal pague benefícios sociais com valores acima do teto. Até então, isso não era permitido, por causa da proximidade das eleições. A medida do governo Bolsonaro, no entanto, não foi o suficiente para enganar a população, como revelou uma pesquisa do Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, na última segunda-feira (1/08). Para 61% das pessoas ouvidas, os aumentos nos valores do Auxílio Brasil e do vale gás foram feitos para conseguir mais votos para a chapa do atual governo. O Datafolha ouviu 2.566 eleitores, de 183 cidades brasileiras, nos dias 27 e 28 de julho.

Outro ponto revelado pela pesquisa foi que o valor dos benefícios foi considerado insuficiente para 54% dos entrevistados, entre aqueles que recebem algum dos recursos sociais estipulados pelo Auxílio Brasil. É fácil entender o porquê de quem sente a carestia no dia a dia ter essa percepção. Diante do crescimento descontrolado da inflação no país, os valores estão em franca defasagem. O Auxílio Brasil, que era de R$ 400, passou para R$ 600. Já o vale gás que era de R$ 50 em média, a cada dois meses, foi para cerca de R$ 120. Além disso, foram instituídos o Auxílio Caminhoneiro e o Auxílio Taxista, que terão o valor de R$ 1.000. Os benefícios, porém, só continuam até o final deste ano, quando se encerra o mandato do atual governo com a eleição para presidente da República, senadores e deputados entre a finalização do auxílio.

Longe de ser uma “boa ação” do governo federal, o auxílio à população por meio do Auxílio Brasil é uma prática populista adotada pelo atual governo, que, no mínimo, é amoral. O Auxílio Brasil, como bem indica o nome está longe de ser um programa bem estruturado de transferência de renda, este sim, dever do Estado.. Os programas de transferência de renda possuem papel fundamental no processo de enfrentamentos às desigualdades sociais e de cumprimento dos direitos constitucionais. E no atual cenário, os benefícios adotados estão muito aquém da real necessidade da população. Vale lembrar, inclusive, que o Auxílio Brasil foi impetrado pelo governo Bolsonaro, como um substituto deturpado do programa Bolsa Família. E o resultado: o retrocesso de um programa estatal de transferência de renda, que era uma referência, até então.

Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou explicações do governo federal sobre o custeio da PEC 15/2022, uma conta de R$ 41,2 bilhões. A austeridade que guiou a atual política econômica do país – colocada acima das necessidades da população, em meio à crise humanitária e sanitária – foi posta à parte na tentativa de angariar votos. Aliado a isso, os integrantes da gestão têm usado de seus cargos privilegiados para realizar atentados golpistas contra o sistema eleitoral. Em suma, o governo Bolsonaro não se furta em usar a máquina pública para tentar colocar em prática o seu projeto de poder.

A Pesquisa Datafolha é um indício de que as brasileiras e os brasileiros têm se conscientizado sobre este governo de morte e fome. Agora, é preciso que o povo também se expresse nas ruas e nas urnas.