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Elevado Helena Greco, fica!

Mais do que uma obra de mobilidade urbana, o elevado que liga a Avenida Pedro II à Avenida Bias Fortes representa também uma vitória do movimento político e social, além de uma importante reparação histórica. Até 2014, o elevado se chamava Castelo Branco, nome do primeiro general ditador que dirigiu o Brasil durante o nefasto período da ditadura militar. Por pressão dos movimentos que lutam pela democracia no Brasil, o elevado passou a ser chamado Elevado Dona Helena Greco.

Helena Greco é natural de Abaeté-MG, formou-se em farmácia na UFMG em 1937. Engajou-se na militância contra a ditadura militar, principalmente a parir de 1977, quando houve uma violenta repressão por parte das forças armadas do Estado contra um congresso de estudantes em Belo Horizonte. Era figura frequente na porta de delegacias onde acompanhava presos políticos e denunciava as práticas de tortura promovidas pela ditadura. Fundou o Movimento pela Anistia e o Comitê de Anistia de Minas Gerias e foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores. Foi a primeira vereadora da Câmara Municipal de Belo Horizonte, ao ser eleita em 1982, cargo que exerceu até 1992. Fundou a Comissão Permanente de Direitos Humanos na Câmara, além de coordenar o Movimento Tortura Nunca Mais. Foi agraciada com distinções importantes, como o Prêmio Chico Mendes de Resistência (1995), o Prêmio Cidadania Mundial (1999) e o Prêmio “Che” Guevara (2002).

Dona Helena Greco faleceu em 2011, com 95 anos. Por ocasião dos 50 anos da implantação da ditadura militar no Brasil, foi aprovado o projeto do vereador Tarcísio Caixeta (PT), que alterou o nome do Elevado que homenageava um general ditador para o nome de uma mulher que representa a luta pelos Direitos Humanos, e da resistência contra a ditadura militar no Brasil.

No último mês de maio, porém, foi apresentado o Projeto de Lei 557/2023 de autoria da vereadora Flávia Borja (PP) que visa mudar o nome do Elevado Dona Helena Greco para o nome Olavo de Carvalho. O astrólogo brasileiro foi um dos principais ideólogos da extrema-direita brasileira, ocupando lugar de destaque no último governo, saudosista da ditadura militar. Foi um irrecuperável negacionista da ciência, que colecionava impropérios como afirmar que o uso do tabaco não fazia mal à saúde e que um famoso refrigerante era adoçado com células do feto abortado, além de defender que não havia provas que a terra era redonda. Clamava para que as forças armadas tomassem o poder e implantassem uma ditadura para “salvar o Brasil”. Seu negacionismo e charlatanismo lhe custou caro. Olavo de Carvalho não se vacinou contra Covid-19 e morreu no início de 2022 de insuficiência respiratória aguda.

A proposta de Flávia Borja é uma afronta contra a memória daqueles que lutaram contra a ditadura militar no Brasil. Nós, do APUBHUFMG+, nos posicionamos veemente contra este absurdo. Não há mais espaço para revisionismos históricos no Brasil. Que a Câmara Municipal de Belo Horizonte tenha um posicionamento político coerente a favor da democracia brasileira não permitindo este retrocesso.

#Elevado Helena Greco, fica!