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Bolsonarismo no estilo mineiro: Romeu Zema destila xenofobia contra o Nordeste

Dentro da linha de uma falaciosa “meritocracia” e “igualdade de oportunidades” propagada pelo seu partido (Novo), Romeu Zema, governador de Minas Geras, concedeu entrevista ao jornal O Estado de São Paulo em que fez uma série de afirmações preconceituosas e mesmo xenófobas contra os estados do Norte e Nordeste do país.

O governador de Minas Gerais argumentava que os estados do Sul e do Sudeste seriam prejudicados pela Reforma Tributária e argumentando que “já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”. Como o Sudeste não tem protagonismo político em um país cujo início da história republicana consistiu no revezamento contínuo do poder político entre representantes de dois estados da região? Não seria justamente este protagonismo um dos motivos para a desigualdade regional brasileira?

Porém, faltar com a leitura histórica dos acontecimentos não foi o que fez de pior Romeu Zema nesta entrevista. O governador ainda afirmou que: “Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”. Para além do desconhecimento estatístico que evidencia que o Nordeste e o Norte são, de fato, as regiões mais prejudicadas em sentido socioeconômico do Brasil, salta aos olhos a comparação de Romeu Zema fez entre o Nordeste e o Norte e “vacas que produzem pouco”.

Esta fala é o espelho em, primeiro lugar, da xenofobia inerente à extrema-direita brasileira, que considera o Norte e o Nordeste como regiões inferiores. Reflexo disso é o fato de que grupos separatistas do Sul e do Sudeste brasileiro endossaram, em suas redes sociais, o discurso de Romeu Zema. Viralizaram uma imagem do mapa do Brasil em que  o Norte e Nordeste foram separados do restante do Brasil, com a frase “Muro já” e palavras de apoio à Romeu Zema. Em segundo lugar, explicita as falácias meritocráticas do mais vil neoliberalismo proposto pelo Partido Novo. Sem os elementos históricos que deram protagonismo político para o sul e para o sudeste e fizeram da sua elite financeira a maior parcela da classe dominante do país, não haveria tanta desigualdade regional que somadas endossam as desigualdades no país.

Nós, do APUBHUFMG+ repudiamos veementemente a fala de Romeu Zema, que envergonhou o nosso estado em escala nacional. Não há espaço para segregacionismo, xenofobia e discurso de ódio em um país que já passou por quatro anos de governo Bolsonaro, que tinham estas características como basilar de seu fazer político.