Acontece no APUBH

?Quando a gente vê o sucateamento da Saúde Pública, a gente vê a desconstrução da nossa Democracia?, alerta Presidenta da APUBH

Na tarde desta quinta-feira (06/07), no auditório do CAD II – Campus Pampulha, aconteceu a última etapa da programação do evento acadêmico, artístico e cultural “Foi Golpe!”, promovido em parceria pela APUBH e o SINDIFES. A mesa de abertura foi mediada por Cristina Del Papa, presidenta licenciada do SINDIFES, e contou com a fala das professoras da UFMG Stella Goulart (FAFICH), presidenta da APUBH, e Alzira de Oliveira Jorge (Medicina), integrante da Diretoria Setorial de Saúde e Qualidade de Vida do Sindicato.

A Mesa “Os Efeitos do Golpe na Saúde” foi aberta pela professora Alzira de Oliveira Jorge. Segundo ela, as consequências já podem ser sentidas nos cortes de recursos em políticas importantes e estratégicas do Sistema Único de Saúde (SUS). A falta de recursos, ainda de acordo com a professora, impede o investimento e a prática de vários serviços que contribuem para o avanço de um sistema de saúde integral e universal no país.  “Na verdade, o que está havendo é um sucateamento”, definiu. “Parece que eles querem, cada vez mais, minguar a possibilidade do sucesso do SUS, como sistema universal, público e gratuito para toda a população”.

Além da saúde, a professora chamou a atenção para a defesa dos direitos conquistados em outros setores, como educação, assistência social e segurança pública Assim, Alzira considera fundamental a prática de parcerias, como a realizada entre a APUBH e o SINDIFES na realização desse evento. “Se a gente não discutir e se organizar para lutar contra isso, nós vamos perder muitos direitos sociais que foram assegurados pela Constituição de 1988”, refletiu. “É só a mobilização da Universidade, dos usuários e da sociedade em geral que pode assegurar e manter a possibilidade de um país onde haja espaço e políticas sociais que sustentem a população como um todo”.

Prosseguindo com a mesa, a professora Stella Goulart refletiu sobre os efeitos do Golpe nas políticas públicas de Saúde Mental. Ela traçou um panorama histórico da área, apontando os desafios e conquistas das últimas décadas. De acordo com a professora, a construção de um sistema público de saúde no Brasil, que é referência em todo o mundo, está intimamente ligada ao processo de redemocratização do país, sendo fruto do trabalho de especialistas, movimentos sociais e da população.

Contudo, a professora analisa que esse trabalho vem sendo desconstruído desde o Golpe de 2016. “Quando a gente pensa em SUS, a gente pensa na história da democracia. Quando a gente vê o sucateamento da saúde pública, a gente vê a desconstrução da nossa democracia”, lamentou. Goulart reforçou o empenho do Sindicato na articulação de professores e luta por essa área, expressas na criação da Diretoria Setorial de Saúde e Qualidade de Vida da APUBH. Empenho este que, ainda segundo ela, pode ser observado na realização deste evento. “Quando a gente fala de Saúde, não existe assunto técnico, todos os assuntos são assuntos políticos. Por isso, a APUBH está aqui, junto com o SINDIFES e com os colegas que construíram essa oportunidade maravilhosa para todos nós”, reforçou.

Após a fala das professoras, ocorreu um debate mediado por Cristina Del Papa, presidenta licenciada do SINDIFES. Ela agradeceu a participação dos idealizadores do evento e de todos os presentes, reforçando a importância de sua realização. “Nós estamos tendo um retrocesso imenso, não só na Educação, mas também na Saúde. E essa mesa trouxe um pouco do que nós estamos perdendo nesse processo”, pontuou.

Aula-Show

O evento foi finalizado com a Aula-Show “A Ditadura Militar, um evento e seus eventos”, realizada pela professora Miriam Hermeto de Sá Mota (FAFICH). A aula trouxe uma perspectiva histórica sobre os movimentos sociais e artísticos que se desenvolveram como forma de resistência, durante a Ditadura Militar. Através de uma apresentação musical, a Aula-Show propôs a análise de como a arte se refletiu na cultura e na luta por direitos, liberdade e identidade, assim como nos movimentos negro e LGBT. As músicas foram entoadas pela própria professora, acompanhada pelo violonista Tiago Borba.