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UFMG testará vacina chinesa contra a covid-19

Fonte: UFMG / Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do ICB.

Trabalhos em Minas Gerais serão conduzidos pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos do ICB, que firmou parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo

Instalação do Instituto Butantã, em São Paulo, que produzirá a vacina em larga escala caso seja aprovada nos testes de segurança e eficácia

Instalação do Instituto Butantan, em São Paulo, que produzirá a vacina em larga escala caso seja aprovada nos testes de segurança e eficácia | Foto: Governo de São Paulo / Fotos Públicas / CC BY-NC 2.0.

A UFMG é um dos 12 centros brasileiros que conduzirão testes da fase 3, em humanos, da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech. O fármaco é considerado um dos mais promissores em todo o mundo.

A empresa sediada em Pequim fornecerá as doses necessárias para a realização dos testes clínicos, que serão coordenados nacionalmente pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O objetivo dos ensaios, que deverão começar ainda neste mês, é avaliar a eficácia e a segurança da vacina. Nove mil voluntários brasileiros deverão participar dos testes em seis estados: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Para iniciar os testes da CoronaVac, o Instituto Butantan aguarda o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Em Minas Gerais, o parceiro do Butantan é o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos (CPDF) do ICB. O coordenador do CPDF, professor Mauro Martins Teixeira, explica que a vacina vale-se de tecnologia já conhecida – com vírus purificado e inativado (morto). Sua eficácia é comprovada para outras doenças, como gripe comum, poliomielite, difteria e tétano, hepatite A e B, além de infecções meningocócicas e pneumocócicas conjugadas.

Por isso, a expectativa é de que sua aprovação possa ocorrer mais facilmente. Os estudos pré-clínicos e clínicos de Fase 1 e 2 demonstraram que a vacina tem perfis favoráveis de imunogenicidade e segurança.

Os testes revelaram que a CoronaVac induziu a produção de anticorpos neutralizantes específicos para Sars-CoV-2 em camundongos, ratos e primatas não humanos. Esses anticorpos inativaram 10 estirpes representativas de Sars-CoV-2, “o que sugere a possibilidade de que ela possa neutralizar outras estirpes do novo coronavírus”, afirmam autores de um estudo publicado em maio na Revista Science.

A Sinovac Biotech também já realizou testes em cerca de 1 mil voluntários chineses nas fases 1 e 2.

Os outros parceiros
Na cidade de São Paulo, os testes serão conduzidos pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas e pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Outras instituições paulistas envolvidas são a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, o Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas, a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e a Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.

A vacina também será testada pela Universidade de Brasília (UnB), pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, pelo Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul e pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

O Instituto
Entidade pública do estado de São Paulo, o Instituto Butantan é um dos maiores centros do mundo em pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos – sistemas biológicos vivos compostos de anticorpos ou receptores direcionados a um alvo específico.

De acordo com o governador paulista, João Dória, o acordo com a Sinovac prevê a transferência de tecnologia para a produção da vacina pelo Butantan, em escala industrial. Se tudo correr como o esperado, e a vacina for aprovada, os passos seguintes seriam o registro do produto pela Anvisa e sua distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil. A capacidade de produção do Butantan é de 100 milhões de unidades da vacina.