Notícias

Setor público tem menos de 20% de sindicalizados, diz IBGE

Dentre as 99,6 milhões de pessoas ocupadas no país em 2022, apenas 9,1 milhões eram sindicalizadas, o que corresponde a menos de 10% dos trabalhadores. Esses dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada no último dia 15 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. É o menor percentual registrado na década. Em 2012, o percentual de trabalhadores sindicalizados era de 16,1%
(14,4 milhões). As regiões Sul e Nordeste são as que registraram o maior percentual de sindicalização. Em Minas Gerais, apenas 8,1% dos trabalhadores é sindicalizado.

Os setores com maior número de sindicalizados são os dos empregados do setor privado com carteira assinada, com 11% de sindicalizados e o dos trabalhadores do serviço público com 19%. E foi justamente nesses setores de atividade que foi registrada a maior redução no percentual de sindicalização.

O menor índice de sindicalização foi registrado no setor de serviços domésticos. Já o setor da atividade de transporte, armazenagem e correios registrou a maior queda passando de 20,7% em 2012 para 8,2%.

O registro de queda no percentual de sindicalizados ocorreu no momento em que o país registrou o maior percentual de pessoas ocupadas (99,6 milhões), um acréscimo de 11% em relação a 2012, quando foi feita a primeira estimativa (88,7 milhões). Para a pesquisa se considerou como pessoas ocupadas aquelas com 14 anos ou mais.  Os dados do PNAD mostraram também que o maior número de sindicalizados é registrado entre as pessoas ocupadas com grau superior de ensino e o menor entre aqueles com fundamental completo e médio incompleto.

Em notícia publicada pelo IBGE, Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, explicou que “A redução na população sindicalizada se acentuou a partir de 2016, quando a queda da sindicalização foi acompanhada pela retração da população ocupada total. A partir de 2017, embora com a população ocupada crescente, o número de trabalhadores sindicalizados permaneceu em queda”.

A queda no percentual de sindicalizados registrada em praticamente todos os setores de ocupação, a exceção foi a dos serviços domésticos, pode ser explicada por fatores como: os nefastos efeitos da Reforma Trabalhista, o fim do imposto sindical, o aumento de profissionais sem registro na carteira de trabalho, aumento de trabalhadores autônomos, aumento de trabalhadores com CNPJ e informais ou com contrato temporário de trabalho.

Na notícia publicada pelo IBGE sobre o resultado do módulo Características Adicionais do Mercado de Trabalho do PNAD, Adriana Beringuy ressaltou que a análise dos dados permite observar que “a cobertura sindical não depende do contingente de trabalhadores em determinada atividade econômica, mas também de como os trabalhadores se organizam e se inserem na produção e o papel dos sindicatos nas relações de trabalho”. Isto explicaria porque setores de atividade com alta índice de ocupação também registraram queda na sindicalização.

A queda da sindicalização levanta ainda pelo menos dois sinais de alerta: o primeiro é sobre o entendimento do(a)s trabalhadore(a)s da importância dos sindicatos na vida do(a)s trabalhadore(a)s, pois é partir dos sindicatos que o(a)s trabalhadore(a)s atuam enquanto classe, lutando pelos direitos trabalhistas, como salário digno, direito às promoções e progressões, direito a condições salubres de trabalho, entre outros direitos; além de serem os sindicatos os legítimos representantes em mesas de negociação de acordos coletivos, defesa de direitos, reposição salarial, entre outros.