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Razões para preocupação, após a participação do MEC na Comissão de Educação da Câmara

Na última quarta-feira (12/06), a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados recebeu o ministro da Educação, Camilo Santana, para debater a greve, as verbas e as obras paradas no setor. O convite ao chefe da pasta ocorreu por iniciativa de quatro deputados, sendo um parlamentar da base do governo, o deputado Pedro Uczai (PT-SC), e outros três da oposição, os deputados Delegado Paulo Bilynskyj (PL/SP), André Fernandes (PL/CE) e Adriana Ventura (Novo/SP). Assista ao registro da audiência pública: https://www.youtube.com/live/1yht_WMxXO0?si=lG2GlXqskQSQDqk0

Logo de início, um fato preocupante. Apesar da pauta afetar, diretamente, as professoras e os professores federais, a categoria foi impedida de participar presencialmente da audiência. Apenas depois de muito diálogo, que contou com o apoio de parlamentares, foi permitida a entrada de uma representação do ANDES-SN e outra do SINASEFE, representando o movimento docente. O APUBHUFMG+ marcou presença no local, sendo representado por sua presidenta no Comando Nacional de Greve, professora Maria Rosaria Barbato. Nesta semana decisiva para o movimento das servidoras e dos servidores da educação federal, o sindicato esteve vigilante e atuante na jornada de lutas em Brasília.

Por outro lado, precisamos chamar a atenção para o suposto interesse do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), que preside a comissão, nas reinvindicações do movimento docente. Não podemos perder de vista, no entanto, que estamos falando de um apoiador ferrenho do governo Bolsonaro. Justamente, a gestão que atuou numa política de subfinanciamento sem precedentes para a educação pública, em todos os seus níveis. Na verdade, estamos acompanhando o parlamentar de extrema-direita, que tem tentado usar a greve dos servidores da educação federal como instrumento para desgastar o governo. Ou seja, uma artimanha da pequena política que em nada contribui para se alcançar a reconstrução nacional da educação.

Finalmente, também devemos atentar para a própria fala do ministro da Educação. Camilo Santana fez coro ao apelo, feito pelo presidente Lula, para que a categoria docente encerre a greve. Inclusive, o chefe da pasta ecoou o discurso de que o movimento paredista já não teria razão de existir e estaria servindo, apenas, para prejudicar os estudantes. Algo que vem sendo reforçado pela mídia burguesa, assim como fez parte da fala governista, na reunião de segunda-feira (10/06) com as reitoras e os reitores. Esquece, no entanto o Ministro da Educação de quem luta também educa, e que a decisão de finalização de uma greve cabe a categoria que deflagra a greve e não ao Estado.

De modo algum, essas razões para preocupação devem ser tomadas como motivos para esfriar o movimento docente federal. Pelo contrário, esse cenário reforça a importância da mobilização do conjunto das servidoras e dos servidores da educação federal. Afinal, é dessa maneira que podemos atuar, junto ao governo e ao Congresso, para influenciar nas decisões a serem tomadas a favor do setor da educação e seus trabalhadores. Em todos os momentos de nossa história, nada foi entregue à classe trabalhadora sem que houvesse muita luta. E é, por tudo isso, que a nossa luta precisa continuar!