Justiça por Cancellier! Ministério da Justiça cobra providências, após TCU inocentar reitor da UFSC
Às vésperas de completar seis anos da morte do professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, nós continuamos a clamar por justiça. Em setembro de 2017, o então reitor Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi preso por 36 horas, parte da Operação Ouvidos Moucos, deflagrada pela Polícia Federal. Sofrendo com a humilhação pública, em decorrência do caso, Cancellier viria a tirar a própria vida poucos dias depois, em 2 de outubro. A perda do reitor causou ampla comoção e revolta em todo o país, especialmente no meio acadêmico.
Agora, o caso voltou às manchetes, quando supostas irregularidades no programa Universidade Aberta do Brasil (UBA) na UFSJ, que eram investigadas pela PF, foram descartadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Da mesma forma, o programa da UBA da UFSC. Ou seja, Cancellier era inocente. A informação consta em comunicado enviado à UFSC, no dia 6 de julho. Em resposta à situação, no último sábado (08/07), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que irá “adotar as providências cabíveis em face de possíveis abusos e irregularidades na conduta de agentes públicos federais”.
As investidas contra a Universidade Pública vieram na esteira do golpe de 2016, por meio do qual o neoliberalismo subiu ao poder. E não foi por acaso. Ao logo da história do país, o meio acadêmico possui papel decisivo na construção do pensamento crítico e na luta contra o fascismo. Por isso mesmo, o setor foi alvo de tantos ataques daquele governo golpista e da gestão de extrema-direita que o sucedeu.
A Universidade Pública se opôs frontalmente ao desmonte em todos os níveis da Educação no país, o que fazia parte do projeto do governo ilegítimo – o sucateamento dos serviços públicos. Cabe ressaltar, ainda, as similaridades dessas operações em universidades federais com o modus operandi da operação Lava Jato. Essas ações da PF guardam, em comum, o autoritarismo e um forte apelo midiático, um circo armado para destruir junto à opinião pública as reputações dos opositores ao governo golpista.
Sem demonstrar o menor respeito pela vida, o fascismo continua presente em nosso país. O caso do reitor UFSC evidencia isso de maneira trágica. Por tudo isso, não podemos e não devemos permitir a impunidade para esta perda. Os abusos cometidos nessa operação precisam ser identificados, bem como os seus responsáveis devem julgados. E o exemplo de ilibada conduta do saudoso Reitor Cancellier deve nos inspirar a continuar firmes na luta.
Cancellier, presente! A luta por justiça não pode parar!