Notícias

Em reunião na ALMG, Unaí Tupinambás analisa isolamento social adotado em Belo Horizonte

Fonte: UFMG.

Professor da UFMG disse que a medida foi fundamental para preparar o sistema de saúde e alertou que o pico da pandemia está por vir

O vice-secretário-geral do APUBH UFMG+, Prof. Dr. Unaí Tupinambás, um dos maiores infectologistas do país e membro do Comitê de Prevenção Permanente ao Novo Coronavirus, instituído pela Reitoria da UFMG | Foto: Carol Morena.

A necessidade do isolamento social e os cuidados necessários para flexibilizar a medida foram abordados por especialistas que participaram de debate na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta quarta-feira, dia 20.

A sessão, comandada pelo presidente da Casa, deputado Agostinho Patrus (PV), contou com a participação do professor Unaí Tupinambás, da Faculdade de Medicina e integrante dos comitês de enfrentamento do coronavírus da UFMG e da Prefeitura de Belo Horizonte, de Rômulo Paes, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e de Sérgio de Oliveira Teixeira, docente do Instituto Tecnológico Federal do Sul de Minas.

Unaí lembrou que as medidas de isolamento na capital mineira foram tomadas há exatos dois meses e foram muito importantes para “preparar o sistema, comprar equipamentos e treinar profissionais para o manejo de pacientes críticos”. O professor da UFMG destacou a adesão da população ao uso de máscaras e disse que a ocupação dos leitos de UTI na cidade – em torno de um terço – dá uma “margem razoável” para a gestão da crise do coronavírus.

“Estamos criando um velocímetro com base no chamado R0 [que indica a quantidade de pessoas que um indivíduo infectado pode contaminar]. Esse índice em BH hoje é 1,05. Se chegarmos próximos a 1,19, o sinal de alerta será aceso”, explicou Tupinambás. O ideal é um R0 inferior a 1, o que indica que a infecção está controlada. R0 equivalente a 2, por sua vez, revela que cada pessoa doente está infectando outras duas, e assim sucessivamente, em progressão exponencial.

O infectologista demonstrou cautela e preocupação ao comentar sobre o ápice da pandemia. “Não sabemos se chegamos ao teto. Para isso, é preciso que haja estabilidade de casos da doença seguida de queda. E isso não está acontecendo. Podemos estar na iminência da pior crise sanitária da nossa história”, disse ele, acrescentando que a saída do isolamento também precisa estar condicionada à situação dos sistemas de saúde locais e à garantia de que medidas sanitárias serão tomadas em ambientes públicos e locais de trabalho.

Na hora certa
De acordo com Rômulo Paes, o protocolo para enfrentamento da Covid-19 no Brasil foi lançado no dia 6 de fevereiro, mas apenas no fim de março as primeiras medidas efetivas foram adotadas. Tanto ele quanto o professor Unaí Tupinambás avaliaram que Belo Horizonte decretou o isolamento no momento ideal.

O professor Sérgio Teixeira, do Instituto Tecnológico Federal do Sul de Minas, defendeu a adoção na região de medidas de contenção por causa do fluxo de pessoas vindas dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a situação sanitária é mais grave. Para ele, uma atenção especial deve recair sobre o controle epidemiológico nas cidades, com a criação de postos de medição de temperatura corporal e aplicação de testes rápidos em estabelecimentos situados nas estradas, que podem ser vetores de transmissão da Covid-19.

De acordo com o pesquisador, o Sul de Minas é uma porta de entrada do vírus no estado. Assim, as rodovias de maior fluxo que cortam outras unidades federativas deverão ser priorizadas. Ele alertou, ainda, para o aumento de casos no Triângulo Mineiro, que também faz divisa com São Paulo.

O impacto da pandemia sobre a economia mineira também foi analisada durante a reunião, cuja cobertura pode ser lida em matéria publicada no Portal da Assembleia Legislativa.

(Com Assessoria de Comunicação da ALMG)