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Em reunião com reitores, Lula garante respeito à lista tríplice

“Não pensem que o Lula vai escolher o reitor que ele gosta. Quem tem de gostar do reitor são os professores da universidade, são os funcionários das universidades, é a comunidade universitária que tem de saber quem pode administrar a universidade”. A afirmação foi feita pelo presidente Lula em reunião realizada nesta quinta-feira, 19/01, com cerca de 106 reitores das universidades e institutos federais, Colégios de Aplicação e Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’s).  É uma postura totalmente contrária à do seu antecessor, cujo governo foi marcado pelo grave desrespeito à autonomia universitária por meio da indicação de interventores e de reitores fora da lista tríplice ou de classificados em 2º ou 3º lugares da lista, ou seja, não escolhidos democraticamente pela comunidade universitária.

A reunião também contou com a participação do Ministro da Educação, Camilo Santana, da Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, do Ministro da Casa Civil, Rui Costa, do Ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (CONIF).

Durante o encontro, Lula lembrou ainda em tom de crítica que o obscurantismo, marca registrada do governo Bolsonaro, foi um dos grandes inimigos da educação brasileira nos últimos quatro anos. “Não existe na história da humanidade nenhum país que conseguiu se desenvolver sem que antes tivesse conseguido resolver o problema da formação de seu povo. Então estamos começando um novo momento. Eu sei do obscurantismo que vocês viveram nos últimos quatro anos. Quero dizer que estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”, afirmou o presidente.

Realmente, parece que se avizinha um novo tempo para as universidades públicas, uma vez que tanto o presidente quanto o Ministro da Educação, Camilo Santana falaram sobre retomar os investimentos na educação superior, finalizar as obras paradas e dar condições plenas para que as universidades consigam se sustentar financeiramente e cumprir a sua função institucional. Os sucessivos contingenciamentos e cortes de recursos, ao longo dos últimos anos, colocaram as instituições federais na corda bamba, pois passaram a flertar diariamente com o fantasma do fechamento por falta de pagamento das contas de água, luz, telefonia, internet, limpeza, terceirizados, bolsas de assistência estudantil, de pesquisa, entre outras despesas. As IFE’s quase tiveram no último ano que serem fechadas, visto que no dia 28 de novembro de 2022, o governo Bolsonaro havia anunciado um bloqueio de R$ 1,68 bilhões, do Ministério da Educação, destes R$ 224 milhões eram das instituições federais. Inúmeros e intensos protestos dos reitores, sindicatos e comunidade universitária forçaram o governo a retroceder.

De acordo com notícia publicada pelo portal UOL, o ministro da Educação, Camilo Santana, lamentou o desmonte da educação no país, porém, enfatizou que nem tudo poderá ser feito considerando-se a situação atual do ministério e do orçamento do país. Apesar disso, Santana disse que pretende anunciar até final de janeiro, o reajuste das bolsas de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sem reajuste desde 2013, as bolsas tiveram perda de 75% do poder de compra, segundo dados da Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG), citados em notícia publicada pela Agência Brasil.

A reunião do presidente com o reitorado das instituições federais de ensino abre a possibilidade de um diálogo contínuo, transparente e respeitoso entre o governo e as instituições. Porém, há muito ainda a ser discutido e realizado, principalmente em relação ao aporte de recursos, para que a educação pública brasileira se refaça de quatro anos de tentativas de desvalorização e destruição. Assim, é fundamental que as pessoas da comunidade que compõe o ensino superior do país, por meio das entidades que o representam, permaneçam mobilizadas e atuantes, pois, apenas dessa maneira, poderemos garantir que ocorra, de fato, a tão necessária recomposição para o setor.

 

Com informações da Agência Brasil, G1, Folha de SP e Uol.