APUBH participa de plenária sofre enfrentamento à violência de gênero
No último dia 31 de outubro, a vice-secretária geral da diretoria executiva do APUBHUFMG+, professora Elaine Leandro Machado, representou o sindicato na Plenária “Mexeu com uma, mexeu com todas!. Com o objetivo de discutir e preparar ações de enfrentamento à crescente violência política e de gênero praticada contra parlamentares mulheres no Brasil e, especialmente, em Minas Gerais, a plenária foi convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT – MG).
Para a professora Elaine Machado, “essa reunião foi um passo importante para construir ações coletivas e solidariedade às parlamentares que enfrentam tais ataques. Mostra que, juntos, somos mais fortes e determinados a enfrentar o obscurantismo e o ódio. Continuaremos apoiando a luta contra a violência política de gênero e trabalhando pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária”.
Realizada na sede da CUT em Belo Horizonte, a reunião contou com a presença de diversos representantes de sindicatos, associações, partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais e parlamentares que coletivamente expressaram preocupação com a grave situação enfrentada por vereadoras e deputadas no exercício de seu mandato legitimamente conquistado.
“É alarmante ver como as parlamentares, muitas das quais são ativistas e defensoras dos direitos humanos, enfrentam ameaças, inclusive de estupro e morte, simplesmente por defenderem uma visão política de esquerda, progressista e democrática. Isso é inaceitável”, disse a vice-secretária da diretoria executiva do APUBH.
A violência política de gênero, infelizmente, não é uma novidade no cenário brasileiro, mas ganhou graves contornos em 2018 com o assassinato da vereadora Marielle Franco, durante o governo ultraliberal de Jair Bolsonaro. Naquele cenário político exacerbaram-se os discursos de ódio, preconceito e violência contra as minorias, especialmente, mulheres, negros, nordestinos e LGBTQIAPN+. Desde então a sociedade assiste preocupada a uma escalada na violência, que em 2023, tem vitimado um número cada vez maior de parlamentares, numa tentativa vil de calar aquelas que lutam pelos direitos das minorias.
Conforme divulgado pela CUT MG, no estado “foram vítimas da violência política de gênero Beatriz Cerqueira (PT), Andréia de Jesus (PT), Lohanna França (PV) e Bella Gonçalves (Psol); as vereadoras Iza Lourença (PSOL-BH), Cida Falabella (PSOL-BH), Claudia Guerra (PDT-Uberlândia) e Amanda Gondim (PDT-Uberlândia)”.
O desabafo da deputada estadual Beatriz Cerqueira, publicado em suas redes sociais no dia 28 de outubro, expôs não somente a grave situação vivida por ela e outras, mas também o impacto dos ataques e ameaças à sua vida pública e privada: “Pela primeira vez em cinco anos eu quis desistir, afastar. Olhei para a semana que nem tinha terminado e me vi numa espiral de violência ao perceber que a Assembleia deixou de ser um lugar seguro para meu corpo e para o meu trabalho”. Ela continua denunciando que “dentro da Assembleia existe o gabinete do ódio e a milícia digital. Recebem do dinheiro público para praticarem misoginia, intimidação, incentivarem violência política contra mulheres e sequer passam pelo detector de metais. Nada acontece para parar isso. Será a legislatura que mais teve violência política contra deputadas, escolhidas por suas pautas e trabalho.”
Cerqueira ainda ressaltou que os problemas se agravam quando as vítimas reagem e que a não reação tem sido uma estratégia de sobrevivência na assembleia, numa clara vitória da extrema direita agressiva e violenta que tem dominando a ALMG. E na Câmara Municipal, o cenário não é diferente. No dia 30 de outubro, a vereadora Iza Lourenço denunciou novas ameaças sofridas, totalizando 09 em três meses. Em decorrência disso, de acordo com ela, entrou para o Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), orientada pelo Ministério de Direitos Humanos.
Outra vítima da violência política, a deputada Estadual Bella Gonçalves, ao falar, em suas redes sociais sobre as emendas parlamentares destinadas à segurança da mulher, deu um importante recado a respeito da violência que fere os princípios da democracia: “Não é possível falar de democracia no Brasil enquanto não superarmos as diversas tentativas da extrema direita de expulsarem mulheres de seus espaços de direito. Não iremos nos calar, nós vamos nos fortalecer!”.
“Nesse contexto, é essencial destacar a participação ativa do APUBH, o sindicato dos professores da UFMG, que se uniu a essa luta crucial. Nossa presença na Plenária simboliza o compromisso da academia com a igualdade de gênero e o repúdio à violência política. Os professores desempenham um papel fundamental na formação de cidadãos conscientes, e nossa participação demonstra que estamos unidos na defesa da democracia e dos direitos das mulheres”, ressaltou Elaine Machado.