Acompanhe as entrevistas do APUBHUFMG+ com docentes sobre a vinculação de suas entidades ao ANDES-SN
A partir desta semana, o APUBHUFMG+ dá início à publicação de uma série de entrevistas com docentes filiados a seções sindicais vinculadas ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). As conversas giram em torno do processo e as particularidades da filiação ao Sindical Nacional, bem como a atuação de suas entidades em relação às próprias demandas e às pautas nacionais. Com essa iniciativa, o sindicato prossegue com a proposta de debater e sanar as principais dúvidas da categoria a respeito da possibilidade de vinculação nacional.
As entrevistas foram concedidas à professora Analise de Jesus da Silva, 1ª vice-presidenta do sindicato e coordenadora do Setor de Organização da Política Sindical do APUBH em Âmbito Nacional. As conversas foram registradas, em fevereiro deste ano, durante a participação de representantes do APUBHUFMG+, como delegação convidada, no 41º Congresso do ANDES-SN, realizado no Campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco/AC.
Nesta primeira entrevista, a professora Analise conversa com a professora Flávia Spinelli Braga, filiada à Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (ADUERN). Fique atento às redes sociais e ao informativo semanal do sindicato para não perder as próximas entrevistas.
ANALISE DE JESUS DA SILVA – Qual a motivação para a sua seção sindical se filiar ao ANDES?
FLÁVIA SPINELLI BRAGA (UERN) – A minha seção sindical é um sindicato que tem 42 anos. É um dos sindicatos mais antigos do Nordeste, inclusive. É um sindicato que tem na sua história uma relação de lutas e conquistas da categoria de professores muito forte e professores muito politizados. Isso foi um dos elementos que fizeram com que a gente entrasse no ANDES-SN, próximo à sua criação. A nossa relação de formação sindical está relacionada também à criação do ANDES-SN. Então, foi automático o processo. Não houve nenhuma possibilidade de irmos, por exemplo, para qualquer outro congresso que representasse a categoria de professores do ensino superior, sempre foi o ANDES-SN. Então, já somos afiliados há décadas.
Como vocês fizeram para as demandas específicas da categoria no local de trabalho de vocês serem escutadas e atendidas no sindicato nacional?
O ANDES mudou muito de uns dez anos para cá e, para nós que somos das estaduais, a criação do setor das estaduais foi um divisor de águas. Quando esse setor e essa estruturação de chapas foram criados, que se dá a partir da construção das regionais pelas vice-presidências, ela começou a ter maior representatividade das suas políticas locais. Fora isso, o ANDES-SN tem o fundo de participação, por exemplo, em movimentos grevistas. Então, nós sempre tivemos o contato e temos um histórico de greves muito importantes para a categoria, nas quais o ANDES-SN sempre esteve presente, via o VPR ou por meio da diretoria nacional. A criação dos setores das estaduais e municipais foi o divisor de águas que deu essa possibilidade.
O segundo espaço criado foram os GTs. Eles também foram muito importantes, porque os nossos associados podiam participar de GTs, de acordo com as suas leituras de mundo, dos seus estudos, das suas áreas de atuação. Eu, por exemplo, faço parte, hoje, do GT que trabalha a questão das minorias e do GT da educação, porque eu sou da Faculdade de Educação, mas eu trabalho com direitos sociais e políticas públicas. Isso possibilitou que eu pudesse atuar nos dois GTs. Eu já faço parte desses GTs há seis anos e isso também é uma forma da gente ter esse contato com a nacional e com as outras regionais que participam.
Como foi, financeiramente, a filiação ao ANDES-SN? Foi muito oneroso?
Nós somos um sindicato que tem em média mil associados. Dentro do vencimento de cada um dos docentes, mesmo tendo, no regimento do ANDES-SN, que deve ser 1% do vencimento bruto de repasse para o sindicato e que é repassado para o ANDES-SN, na nossa seção sindical nós escolhemos 1,5% do vencimento básico. Então, acaba que não é tão oneroso para o associado.
Do ponto de vista da administração do nosso sindicato em si, para você ter noção, a ADUERN é um sindicato muito grande. Nosso terreno já tinha sido doado pela universidade federal. Nós temos uma associação que tem, inclusive, quartos e dormitórios para receber professores de fora. Nós temos uma associação assistencialista que promove esporte e lazer, tanto para os associados quanto para os dependentes dos associados. Nós temos um conjunto de aposentados, que são nossos filiados, extremamente participativos. Nós temos um museu, nós temos assessoria jurídica e vamos agora implementar assessoria psicológica, porque teve um adoecimento muito grande pós-pandemia.
Independente disso, a gente consegue fazer o repasse para o ANDES-SN, porque, como já é diretamente descontado na folha, a gente tem essa facilidade de se organizar financeiramente para fazer o repasse.
Tem espaço, na avaliação de vocês, para disputas políticas internas no ANDES?
Eu acredito que tenha espaço demais. Tanto que eu já fui de uma corrente e hoje sou de outra.
Quando comecei no sindicato – e eu estou no ANDES-SN desde 2002 – o que eu percebi? Eu percebi essa nuance de variedades de correntes, mas que, na maioria delas, são correntes que, de alguma forma, têm uma sintonia no sentido da defesa da categoria. Não vi, por exemplo, nenhuma corrente de extrema-direita dentro do ANDES-SN. Você acaba tendo uma sintonia no sentido de afeição, mas do ponto de vista de princípios, sim, existe uma diversidade grande, mas eu acredito que existem ainda algumas questões pontuais no sentido do respeito de uma corrente pela outra, mas nada que afete o papel de fortalecimento do nosso sindicato nacional.
Você sentiu diferença na escala, no aprofundamento, na robustez, das lutas que foram movidas pela categoria depois que vocês entraram para o ANDES-SN?
Completamente. Veja, por exemplo, o Caderno Dois. O Caderno Dois é um divisor de águas para quem está no sindicato, porque ele te orienta e mostra o que é a ideia de política classista para a educação brasileira, que defende a educação pública, e começa a construir essa ideia dentro dos seus departamentos, dentro das esferas administrativas da universidade. Justamente, em função disso, você começa a ter um papel militante que, às vezes, nem percebe. Quando se repara, não se é mais só um afiliado, mas um militante. Até porque, tem aqueles mesmos princípios. Então, tem o ANDES-SN como uma relação de princípios, tanto teóricos, quanto práticos, de luta sindical de defesa da categoria e, hoje, no caso, a gente defende algo mais amplo, que são as minorias também, eu acho que foi fundamental. Não tem nem como comparar o que é o nosso sindicato antes e depois da entrada no ANDES-SN.