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A vagarosa diminuição na taxa de juros do Brasil

Desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros no Brasil vem diminuindo a passos lentos. A redução mais recente aconteceu na última quarta-feira (02/08). Com a decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC), a taxa Selic passou de 11,75% para 11,25%. Esse foi o quinto corte seguido e, assim como os anteriores, manteve a margem de 0,5 ponto percentual.

E essa diminuição vagarosa demonstra como não se trata de uma benesse da atual gestão do BC. Basta lembrar que este mesmo grupo manteve a Selic nas alturas, de agosto de 2022 a agosto de 2023. Nesse período a taxa ficou em 13,75%. Na verdade, essas mudanças são resultado da pressão sobre o órgão, protagonizada por movimentos sindicais, sociais e populares, incluindo o APUBHUFMG+.

E mesmo tímida, a queda já trouxe benefícios, a começar pelos impactos que deve ter sobre a dívida pública do país. Isso porque a taxa Selic serve de base para a correção monetária de parte dessa dívida.  Assim, o seu pagamento deve ter uma redução de R$ 23 bilhões. Uma economia bem-vinda para os cofres públicos do país. Em 2023, a dívida pública fechou em R$ 6,52 trilhões. E o Orçamento de 2024 prevê que, no ano que vem, quase metade de todos os recursos arrecadados pela União sejam gastos com a pagamento da dívida, além de juros e serviços financeiros.

Ademais a redução dos juros não se reflete apenas na dívida pública. No mesmo dia da mais recente queda da taxa de juros, também recebemos a notícia da queda do desemprego no Brasil. De acordo com os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média anual de 2023 ficou em 7,8%. O menor índice em nove anos.

Inclusive, há relação entre a queda da Selic e do desemprego. De acordo com Gustavo Cavarzan, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE): “o aperto monetário implementado pelo Banco Central causou muitos prejuízos às famílias, às empresas e ao Estado, porque aumentou o custo dos créditos, aumentou o endividamento, reduziu o poder de compra da população e o lucro das empresas, além de prejudicar as contas do Estado”.

Assim vemos, na redução do desemprego e da dívida pública, como a queda da taxa de juros pode contribuir para economia no país. Além disso, não podemos esquecer dos impactos da Selic no desenvolvimento da indústria e nas despesas domésticas da população.  E, ainda assim, o patamar dos juros continua elevado, estando aquém do que possibilita o atual momento de nossa economia. Por tudo isso, a política econômica praticada pela atual gestão do Banco Central – um resquício da gestão bolsonarista – continua a ser uma pedra no caminho para um desenvolvimento menos desigual no país.