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A luta de Marielle Franco segue presente

Quem mandou matar Marielle Franco? E por quê? Seis anos se passaram desde o crime que ceifou a vida da vereadora e do motorista Anderson Gomes, mas as nossas perguntas continuam as mesmas. Da mesma forma, seguem firmes o legado de luta da parlamentar. E conforme as informações do caso são trazidas a público, mais fica evidente como o crime seria uma represaria à atuação da parlamentar em defesa dos direitos humanos e sociais.

A vereadora teria sido morta, de acordo com as investigações, por bater de frente com os interesses da milícia carioca. Conforme as revelações nos últimos dias, Marielle teria se tornado um entrave na expansão de terrenos, sob domínio dessa organização criminosa, na zona oeste da cidade. Na verdade, as delações e apurações do caso expõem uma intrincada, profunda e criminosa relação entre interesses financeiros e políticos, que envolve políticos, policiais e milicianos no Rio de Janeiro.

No último domingo (24/03), o ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski, convocou coletiva de imprensa para trazer novas informações sobre o caso. Ainda no domingo, foram presos três suspeitos de envolvimento no caso. Entre eles, o deputado federal Chiquinho Brazão (ex-União Brasil-RJ) e o seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que são suspeitos de serem os mandantes do crime. Além deles, também foi preso o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, sob a suspeita de envolvimento no planejamento do crime, assim como de ter atrapalhado a condução das investigações.

Marielle Franco ousou enfrentar o avanço da milícia, em defesa de seus ideais e da população que a elegeu democraticamente como representante. Não restam dúvidas sobre a sua força na luta social. Infelizmente, assim como outras pessoas antes dela, o seu ativismo foi interrompido à força. A nossa história está repleta de casos semelhantes, que servem tanto como inspiração quanto como alerta.

A coragem da vereadora contrasta, contudo, com a covardia das pessoas que tentam manchar a sua reputação e caluniar a sua memória. Não faltam exemplos de ataques a homenagens ao legado da vereadora, assim como uma profunda rede de mentiras. A extrema direita bolsonarista, sobretudo, protagonizou cenas absurdas nesse sentido. Parlamentares e demais adeptos já comemoram de não terem sido reveladas evidencias do envolvimento do clã Bolsonaro no crime. Ainda assim, está nítido o incomodo que o legado de Marielle causa nessas pessoas.

Inclusive, recentemente, causou indignação a tentativa desonesta de um parlamentar de associar o ex-deputado Domingos Brazão ao partido político do atual presidente eleito. No entanto, esse mesmo deputado, conveniente, ignorou o apoio de Brazão à campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Da mesma forma, também não foi abordado o envolvimento do ex-deputado e de outros membros de sua família com o ex-presidente. Ou seja, a típica campanha de desinformação que faz parte das estratégias da extrema direita bolsonarista.

Não nos deixemos abater por isso. Para existir, é preciso resistir. Os motivos desse crime cruel devem continuar a ser expostos, assim como os mandantes e executores precisam ser identificados e julgados. O nosso grito por justiça para o caso precisa continuar a ser ouvido.

A luta, a esperança e a memória de Marielle continuam vivos. Marielle Franco, presente! Anderson Gomes, presente!