Acontece no APUBH

Universidade pública e a luta dos trabalhadores em educação

Assista à participação do APUBH UFMG+ na edição, desta semana, do Programa Educação Resistência e Ação, do Coletivo Alvorada.

A professora Maria Rosaria Barbato, presidenta do APUBHUFMG+, foi a convidada do Programa Educação Resistência e Ação, do Canal Coletivo Alvorada, no dia 26/10.

O dia das professoras e professores, comemorado no dia 15 de outubro, ocorre em um momento delicado para a educação no país. No cenário do atual governo federal, enfrentamos constantes ataques à autonomia universitária e cortes nos investimentos, que prejudicam os projetos de pesquisa e extensão, assim como as áreas estruturais das instituições. Neste contexto, qual o papel daqueles que compõem as universidades públicas e o movimento sindical na luta contra esses retrocessos?

Essas questões foram colocadas em debate no Programa Educação Resistência e Ação, desta semana. A transmissão ao vivo, realizada pelo Coletivo Alvorada, na terça-feira (26/10), recebeu a professora da Faculdade de Direito da UFMG e presidenta do APUBHUFMG+, Maria Rosaria Barbato. O programa foi apresentado pelo professor Gilson Reis, coordenador geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE) e diretor do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG). Assista ao vídeo da transmissão no Canal Coletivo Alvorada, no Youtube ou Facebook.

Em sua fala de abertura, Gilson Reis ressaltou a importância da luta do APUBH UFMG+, definindo a entidade como “um dos mais importantes sindicatos de universidades federais do Brasil”. Ele comentou ainda a relevância nacional e internacional da UFMG, que segue como referência em ensino, pesquisa e extensão, “mesmo diante de tantos ataques deferidos por este inominável Jair Bolsonaro, que está sendo indiciado por crimes contra a humanidade”. “Esperamos que ele possa ser julgado de forma transparente e que possa ser condenado, por tudo que cometeu contra o povo brasileiro”, definiu o coordenador geral da CONTEE.

Os desafios dos professores e professoras no cenário atual

Em sua fala, a professora Maria Rosaria relembrou a sua trajetória na docência no magistério superior do Brasil. Ela destacou, especialmente, os desafios decorrentes do fato de ser uma professora imigrante no país. A partir disso, a presidenta do APUBH UFMG+ propôs reflexões sobre os desafios da carreira docente, em meio ao complexo cenário político e humanitário atual.

A professora comentou o desafio da categoria da UFMG de lecionar no formato do ensino remoto emergencial. Ela observou que a nova modalidade, adotada devido à pandemia, impôs profundas mudanças no fazer da profissão, exigindo competências que fogem à docência em si e causando sobrecarga de trabalho. Além disso, ainda de acordo com a docente, as aulas também foram prejudicadas, por causa das alterações na interação estabelecida com os estudantes. As consequências dessa realidade podem ser observadas no aumento do adoecimento físico e mental de professoras e professores, como observou a presidenta do sindicato.

Contudo, os principais desafios enfrentados, na avaliação da sindicalista, são provenientes do governo Bolsonaro. Ela definiu este como um governo que propaga o obscurantismo, por meio da difusão de notícias falsas, da perseguição à comunidade acadêmica e das tentativas de manchar a sua imagem junto à opinião pública. Nesse sentido, ela lembrou que o APUBH UFMG+ moveu e foi vitorioso em ação pública por danos morais contra Abraham Weintraub, devido às várias ofensas ditas contra docentes e comunidade acadêmica, proferidas na época em que era ministro da Educação do governo Bolsonaro.

Essa, no entanto, não é atitude isolada, mas faz parte de uma tentativa deliberada de destruição do progresso e produção de conhecimento no país. A professora  alertou para a contínua redução do financiamento das universidades e institutos federais de ensino e das agências de fomento à pesquisa. No dia da transmissão desse programa, inclusive, o APUBH UFMG+ integrou ativamente as mobilizações em defesa da Pesquisa e da Ciência no país, convocadas por entidades estudantis e científicas.

A sindicalista analisou que estes são reflexos do projeto de implementação da política ultraliberal, em curso no atual governo e capitaneada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Política esta que tem, na PEC 32, uma das suas medidas mais nocivas, sendo parte de uma tentativa de desmonte do Estado.  Ela ressaltou que, neste momento, é preciso intensificar a luta contra a proposta e o trabalho de conscientização, explicando os efeitos que uma possível aprovação teria para a população. A sindicalista listou, entre esses efeitos, a diminuição da oferta, da gratuitidade e da qualidade dos serviços prestados pelo Estado, inclusive no ensino superior e nas áreas de CT&I. Além disso, ainda de acordo com ela, a medida abre caminho para a privatização do Setor Público.

Finalizando a sua fala no programa, a professora indagou: “o que queremos para esse país? E como nós queremos?”.  A presidenta do APUBH UFMG+ definiu que “se queremos um país melhor, uma universidade melhor e um serviço público para população melhor, nós precisamos fazer a luta hoje e escolher bem os nossos aliados”.