Acontece no APUBH

Unaí Tupinambás: “Essa pandemia transcende a questão biomédica, porque ela impacta no nosso dia a dia”

Médico infectologista, que integra os comitês de enfrentamento da Covid-19 da UFMG e da PBH, foi o último entrevistado de 2020 do NADi

Nesta segunda-feira (14/12), foi ao ar a última edição deste ano do Programa do Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi). O entrevistado foi o médico infectologista Dr. Unaí Tupinambás, professor Faculdade de Medicina da UFMG e membro dos comitês de enfrentamento da Covid-19 da universidade e da Prefeitura de Belo Horizonte. A conversa foi conduzida por Maria Stella Goulart, professora do Departamento de Psicologia (FAFICH/UFMG) e integrante do NADi/APUBH. Assista à entrevista na íntegra, no canal do sindicato: https://youtu.be/EB8vkBrBDMM

Após meses na linha de frente do combate à Covid-19 na capital, Unaí Tupinambás observa que já não se trata apenas de uma questão sanitária, pois “as pessoas estão estressadas, cansadas, deprimidas”. “Essa pandemia transcende a questão biomédica, porque ela impacta no nosso dia a dia”, observou. “Isso tudo está impactando na gente, medo de adoecer, medo de levar a doença para os nossos parentes queridos, a insegurança”, completou.

Vacinação contra a Covid-19: “otimista, mas também realista”

O enfrentamento ao Coronavírus entrou em uma nova etapa, devido aos diferentes tipos de vacina contra a Covid-19 que foram desenvolvidas ao redor do mundo. O médico disseque “a vacina está chegando. Não vai chegar para toda a população de 220 milhões de brasileiros, mas deve cobrir a população vulnerabilizada, bem como as trabalhadoras e os trabalhadores da área de saúde”. O especialista explica que a vacinação se dará em duas doses, com vinte dias de diferença entre as aplicações, demorando entre 45 e 60 dias para que possa fazer efeito completamente. De acordo com ele, ainda não há confirmação do período de imunização que as diferentes vacinas podem garantir, porém acredita-se que seja em torno de seis meses a um ano. O infectologista estima ainda, sendo “otimista, mas também realista”, que a vacinaçãono Brasil deva começar no outono do próximo ano.

No dia 14/12, a professora Maria Stella Goulart, da FAFICH/UFMG e do NADi/APUBH, conversou com o professor Unaí Tupinambás, da Faculdade de Medicina da UFMG.

Ele observou, contudo, que “se nós tivéssemos um ministério e um governo mais eficientes, nós já estaríamos nos programando para vacinar agora em janeiro”, como já está acontecendo em outros países. Entre as decisões equivocadas, o médico ressaltou a falta de um programa nacional de imunização e a politização de questões científicas, como os medicamentos e a própria vacina. “Essa desinstitucionalização da vida pública é um cenário muito ruim. Nós sempre colocamos, aqui em Belo Horizonte, que o nosso Plano A era um programa nacional de imunização”, opinou.

O infectologista ressaltou a importância do Sistema Único de Saúde que, apesar das decisões questionáveis do governo federal, ainda confere certas facilidades no Brasil em questões sanitárias, que não estão presentes em outros países. “O SUS, como vocês sabem, é capilarizado. Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, nós temos hoje 152 salas de vacinação. Bastaria fazer um treinamento, uma capacitação das equipes de Saúde, para começar a vacinação em tempo recorde, dentro de quinze, trinta dias. Esse treinamento já está sendo programado com as equipes de saúde, seja qual vacina for”, explicou.

As medidas de prevenção devem continuar, mesmo com a vacina

O médico Unaí Tupinambás alerta que as medidas de prevenção não-farmacológicas devem ser mantidas, sobretudo devido à demoraaté a realizaçãodavacinação, bem como pela falta de certezas sobre o tempo de duração da imunização. Ainda segundo ele, esses cuidados devemser combinados, sendo fundamental manter o distanciamento de dois metros, evitar aglomerações, usar máscara e/ou protetor facial e higienizar as mãos.  Mesmo com a reabertura do comércio, o professor recomenda que as pessoas evitem permanecer nesses espaços mais do que o estritamente necessário. “Aquela história das pessoas gostarem de ver vitrine dentro de shopping acabou”, pontuou.

Unaí Tupinambás: “Aquela história das pessoas gostarem de ver vitrine dentro de shopping acabou”

O professor chama a atenção para a necessidade de prevenção, inclusive, nesse período de final de ano, em que tradicionalmente são realizadas as festas de Natal e Réveillon. Contudo o médico reconhece a dificuldade de esperar que as pessoas não se reúnam nessas datas. Por isso, pensando na minimização dos danos, ele recomenda que as confraternizações sejam realizadas com, no máximo, dez pessoas, dando preferência a locais abertos e tomando um cuidado especial com pessoas vulneráveis, como é o caso de idosos. “[Com esses cuidados], você faz com que essa festa de fim de ano não seja uma festa de despedida”, reforçou, relembrando os vários casos que ele e colegas da área de saúde atenderam de pessoas contaminadas em festas durante a quarentena.

Núcleo de Acolhimento e Diálogo do APUBH em tempos de ensino remoto emergencial convida

Desde o final do mês de setembro, o Programa do NADi/APUBH recebeu, semanalmente, especialistas da UFMG para conversar sobre a saúde da mente e do corpo da comunidade acadêmica, durante o período de ensino remoto emergencial. Ao todo, foram ao ar sete vídeos, sempre com um formato dinâmico e com duração média de 30 minutos. Assista a todas as entrevistas no canal do sindicato no Youtube: https://tinyurl.com/canaldoapubh

O APUBH UFMG+ está aberto à categoria para a construção de saídas coletivas. Contribua, compartilhando a sua experiência! Preencha o questionário sobre o trabalho docente no ERE, disponível no hotsite do Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi/APUBH): https://apubh.org.br/acolhimento/

As denúncias e queixas também podem ser encaminhadas diretamente através do nosso e-mail acolhimento@apubh.org.br ou telefone/Whatsapp: 31 99949-9135