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Manifesto contra o fascínio colonial de devastação da Serra do Curral

O APUBHUFMG+ assinou a carta manifesto da Campanha ‘Tira o pé da minha serra!’. Acesse o site da campanha, conheça a iniciativa e apoie a causa: tiraopedaminhaserra.org

Lutemos até o último minuto contra esta barbárie! Que a Serra do Curral, receba o justo e necessário tombamento pelo Conselho Estadual de Patrimônio!

 

Toda a beleza e todo o respiro que existe vieram a ser, apesar do Brasil!
(Jota Mombaça)

O Conselho Municipal de Política Ambiental (COPAM), órgão colegiado, normativo, consultivo e deliberativo, subordinado administrativamente à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) do Estado de Minas Gerais, concedeu através da Câmara de Atividades Minerárias (CMI), no último dia 30/04, autorização de licença ambiental à Taquaril Mineração S/A para a atividade minerária no segmento Taquaril da Serra do Curral. No país dos que gostam de se embrulhar na bandeira nacional e clamarem pelo progresso da pátria amada lembramos que a Serra do Curral está aqui há mais de 2,2 bilhões de anos, sendo ela testemunho geoambiental e resultado de diversos eventos tectônicos próprios dos ciclos do planeta, além de testemunho da presença de grupos humanos em sítios arqueológicos há pelo menos 12 mil anos. A Serra do Curral estendida por aproximadamente 100 quilômetros possui uma grande diversidade de flora e formações vegetacionais. Os campos rupestres quartzíticos e ferruginosos são os que mais ressaltam na paisagem. Nos afloramentos rochosos da Serra do Curral, as plantas e flores brotam das rochas em evidente sinal de adaptação às condições extremas, buscando nas fendas a água de que precisam para sobreviver. Registra-se também a presença de importantes sistemas aquíferos com variados pontos de recarga e descarga, conforme as unidades geológicas. Dessa maneira, muito antes dos homens brancos aqui chegarem para ocuparem os territórios nas cercanias da Serra do Curral, por volta de 1700, e, posteriormente, iniciarem a construção cidade de Belo Horizonte em 1894, ali estava a Serra do Curral – uma sequência de rochas que apresentam uma mesma inclinação e direção de nordeste a sudeste até o limite norte do Quadrilátero Ferrífero, em flagrante beleza cênica. Nela registra-se a ocorrência de importantes minerais, desde o século XVIII, tais como o ouro, o ferro, o manganês, entre outros. Por esta razão, economicamente, a Serra do Curral tem sido cobiçada por grupos minerários que, cada vez mais, expandem suas metas prospectivas. No último quartel do século XX, a Serra do Curral começou a sofrer significativas alterações paisagística, especialmente a partir dos anos de 1980, quando nela se iniciava a primeira atividade minerária. Em decorrência disto, a Serra do Curral tem parte de sua área tombada como patrimônio municipal desde o ano de 1991 por Lei Orgânica do Município e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 8 de setembro de 2012, tornou-se Parque Serra do Curral. É igualmente, um marco paisagístico reconhecido como símbolo da metrópole mineira desde 1995, quando a população de Belo Horizonte, em potente manifesto democrático assim a elegeu, reafirmando a memória histórico-cultural-ambiental da Serra do Curral no imaginário coletivo da população da capital mineira. Por todas as razões explicitadas, a Serra do Curral é um patrimônio natural de importância científica, educativo-ambiental, histórico-cultural da população de Belo Horizonte, de Minas Gerais e do Brasil, contrariando os interesses neoliberais reproduzidos na CMI (COPAM) enquanto fascínio ao projeto colonial. O tempo histórico do passado colonial e do presente neoliberal nos indica uma conformidade: o neoliberalismo é o colonialismo revisitado em toda sua perversidade, precarização e rupturas para a transformação da vida socioambiental. Lutemos até o último minuto contra esta barbárie! Que a Serra do Curral, receba o justo e necessário tombamento pelo Conselho Estadual de Patrimônio!

APUBHUFMG+