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Mais um 20 de novembro de luta negra

No dia 20 de novembro é reivindicada a celebração da resistência do povo negro como o Dia da Consciência Negra no Brasil.  A data rememora o assassinato de Zumbi dos Palmares, ocorrido em 1695. Ele foi o líder de Palmares, o maior quilombo de nossa história. Zumbi foi um herói brasileiro, e sua luta se confunde com a luta pela liberdade do povo negro que, no Brasil, foi obrigado a viver em 388 anos de escravidão e, desde 1888, foi alijado dos mais básicos direitos sociais por parte da oligarquia político-econômica que domina a cena pública brasileira.

A escolha desta data como Dia Nacional da Consciência Negra, por si só, já é fruto de intensa luta do movimento negro. Este dia foi escolhido pelas pessoas militantes em contraponto ao dia 13 de maio, dia oficial da abolição da escravidão.  Esta data também é importante e fruto da pressão das pessoas escravizadas contra sua privação de liberdade, porém era mobilizada pelo discurso dominante em sentido histórico de conceder o protagonismo da luta antiescravista à uma princesa branca, que em um ato de “benevolência” teria dado às pessoas negras a liberdade. O movimento negro pleiteia o reconhecimento de Zumbi como um dos heróis pela luta contra a escravização desde, ao menos, 1970, e isso veio a ocorrer apenas em 21 de março de 1997, quando ele teve seu nome inserido como herói nacional no Livro de Aço dos Heróis e Heroínas Nacionais. E foi apenas pela lei federal nº 12.519 de 2011 que o dia 20 de novembro se tornou oficialmente o Dia Nacional da Consciência Negra.

A história negra no Brasil é uma história de resistência, organização e luta. Luta pelo direito à liberdade, pela sua história, para tomar seu devido lugar de direito enquanto protagonista a favor de seus direitos. Luta movida, diariamente, contra o racismo estrutural. E  Luta que tem frutificado em vitórias históricas, como a própria data escolhida para o Dia Nacional da Consciência Negra que levou à aprovação da  Lei 12.711/2012, a Lei de Cotas, que, em apenas 10 anos de existência, fez com que o número de discentes negros e pardos no ensino superior aumentasse em 400% no período entre 2010 e 2019, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O movimento negro brasileiro foi parte constitutiva e protagonista das lutas contra o governo Bolsonaro, derrotado pelo voto popular no último mês de outubro. E suas pautas devem ser ordem do dia no novo cenário que se avizinha, de esperança, de retomada dos direitos que nos foram arrancados nos últimos seis anos. Que este último 20 de novembro dentro do governo Bolsonaro seja um dia de esperançar, esperançar de um presente-futuro melhor, esperançar da destruição das bases do racismo estrutural no país de construção de uma sociedade justa, inclusive, igualitária. Nós, do APUBHUFMG+, saudamos e prestamos reverência à maior parte da população brasileira – constituída de pessoas pretas e pardas – e reiteramos a nossa disposição em carregar as bandeiras do movimento antirracista, por entendermos que não basta não ser racista e que é fundamental sermos antirracistas, inclusive em nossas publicações resultantes de pesquisas, nossos projetos e programas de extensão e em nossas práticas pedagógicas em sala de aula.

 

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2022/2024