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Em Seminário do APUBHUFMG+, comunidade universitária debateu a implementação do Processo Seletivo de Avaliação Seriada na UFMG

Na última quarta-feira (19/03), o APUBHUFMG+ promoveu o Seminário sobre o Processo Seletivo de Avaliação Seriada (PSAS) na UFMG. O Sindicato recebeu representantes da administração da UFMG e da comunidade universitária para aprofundar a compreensão e a discussão sobre essa proposta. Promovido no Auditório 01 da Faculdade de Ciências Econômicas (FACE/UFMG), o encontro contou com transmissão ao vivo e continua disponível no Canal do APUBHUFMG+ no YouTube. Clique aqui para assistir.

O Seminário contou com as seguintes presenças: Licínia Maria Correa, da Pró-Reitora de Assuntos Estudantis (PRAE), representando a Reitoria da UFMG; Cláudio Marques Martins Nogueira (Grupo de Estudos sobre Educação Superior – GEES/FaE); Ana Maria Souza (Diretório Central dos Estudantes – DCE/UFMG); Thais Oliveira (Associação de Pós-Graduandos – APG/UFMG); Shirlei Sales (Programa Observatório da Juventude); e Analise da Silva (Programa EJADH e Núcleo Gestor do Programa Ações Afirmativas na UFMG). 

A mediação ficou a cargo do professor Tarcísio Mauro Vago, integrante da Diretoria Setorial do APUBHUFMG+. Houve, ainda, espaço para a participação das pessoas presentes no auditório, assim como para as perguntas e comentários de quem acompanhou o Seminário através da transmissão online.

O APUBHUFMG+ recebeu representantes da administração da UFMG e da comunidade universitária para aprofundar a compreensão e a discussão sobre o Processo Seletivo de Avaliação Seriada (PSAS) na UFMG | Foto: Acervo: APUBHUFMG+.

Reflexões sobre a aprovação do PSAS e a importância do diálogo contínuo

A adoção de um sistema avaliação seriada na UFMG – como forma adicional de ingresso na universidade, juntamente ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU) – divide opiniões dentro da comunidade acadêmica. Neste meio, ainda persistem dúvidas, receios, inseguranças e discordâncias em relação ao projeto.

Diante desse cenário, o APUBHUFMG+ encaminhou uma Manifestação Pública para a Reitoria da UFMG, em que solicitou “a expansão do debate em nossa comunidade acadêmica” em relação à adoção PSAS. Aliado a isso, o Sindicato também entregou o manifesto aos integrantes do Conselho Universitário (CONSUNI) da UFMG, no dia e local da reunião em que o órgão deliberou sobre o tema.

Cabe destacar, ainda, a Posição da Congregação da Faculdade de Educação sobre Processo Seletivo de Avaliação Seriada, que sugeriu o aprofundamento das discussões sobre o tema, assim como a possibilidade de alterações no projeto. No documento, a Congregação definiu, ainda, a deliberação por recusar a proposta, caso fosse mantida tal como foi apresentada.

Apesar das manifestações da comunidade acadêmica, o CONSUNI aprovou, no dia 30 de janeiro, a adoção de um processo seletivo de avaliação seriada. Inclusive, diferentes segmentos da universidade consideram que o processo para a aprovação desse novo sistema ocorreu de modo apressado, sem dispensar o tempo devido para discussões com especialistas e nem com a própria comunidade. 

Em Nota Pública divulgada no dia 7 de fevereiro, a Direção do APUBHUFMG+ lamentou a falta de aprofundamento nas discussões, assim como a aprovação apressada do projeto. Diante desse cenário, o Sindicato manteve o entendimento da necessidade de ampliar o debate sobre o tema, envolvendo a comunidade acadêmica. Dessa maneira, foi proposta a realização deste seminário.

Os riscos de elitização do acesso à UFMG e a necessidade de ampliar ações afirmativas

O Seminário apresentou, nas falas das pessoas, diferentes análises e avaliações em relação à implementação do sistema de avaliação seriada na UFMG. E apesar das diferentes percepções e pontos de vista, pudemos perceber certas preocupações que perpassaram as falas das pessoas na mesa, assim como nas manifestações do público presencial e online. Nesse sentido, ficou evidente a apreensão com o risco de elitização do acesso à UFMG. Além disso, foi ressaltada a necessidade lutar contra retrocessos, dentro do processo seletivo, assim como a relevância de ampliar a política de ações afirmativas.

O professor Helder de Paula, presidente do APUBHUFMG+, destacou o engajamento do Sindicato no projeto de universidade popular, democrática, inclusiva, laica e antirracista. Por isso mesmo, ele ressaltou a importância de que o APUBHUFMG+ esteja integrado e busque envolver a sua base em discussões relevantes para a universidade, como é o caso do mote do encontro.

Como parte das ações do APUBHUFMG+ em relação a este debate, o mediador do Seminário, professor Tarcísio Mauro Vago, comentou a sugestão de elaborar um documento para ser entregue às comissões da universidade, responsáveis pela elaboração e implementação. Ainda segundo o mediador da atividade, a proposta desta ação é reunir as reflexões apresentadas pela comunidade acadêmica neste Seminário.

O Seminário contou com as seguintes presenças: Licínia Maria Correa, da Pró-Reitora de Assuntos Estudantis (PRAE), representando a Reitoria da UFMG; Cláudio Marques Martins Nogueira (Grupo de Estudos sobre Educação Superior – GEES/FaE); Ana Maria Souza (Diretório Central dos Estudantes – DCE/UFMG); Thais Oliveira (Associação de Pós-Graduandos – APG/UFMG); Shirlei Sales (Programa Observatório da Juventude); e Analise da Silva (Programa EJADH e Núcleo Gestor do Programa Ações Afirmativas na UFMG) | Foto: Acervo APUBHUFMG+.

As falas da tarde foram abertas pela professora Licínia Maria Correa, pró-reitora da PRAE/UFMG, a pedido da reitora da UFMG, “entendendo, a partir de diálogos internos, a importância de participar e acompanhar o debate da comunidade universitária”. A pró-reitora destacou o papel da PRAE nas discussões do projeto, sendo norteado pelo compromisso de atuar pela mitigação das desigualdades e pela ampliação do acesso à universidade.

Prosseguindo as exposições, o professor Cláudio Nogueira apresentou um conjunto de reflexões sobre as diretrizes para a implantação desse novo sistema na universidade. Ao longo de sua carreira acadêmica, o docente tem se dedicado a compreender as desigualdades de acesso à universidade, assim como às políticas referentes a essa questão. Em suas ponderações sobre o PSAS, o professor Cláudio chamou atenção para a maneira como esse processo pode aprofundar as desigualdades que já existem para o ingresso na academia.

Em um segundo momento do debate, a palavra foi passada às entidades representativas de estudantes na UFMG. A estudante Ana Maria Souza, secretária-geral do DCE, alertou para o esvaziamento da representação discente nas discussões sobre a proposta. Ela ponderou, ainda, que o debate se concentrou, basicamente, nos setores administrativos da universidade. Ainda segundo a estudante, é preciso compreender a importância desse tema para as discussões sobre os rumos da Educação no país.

Já a pós-graduanda Thais Oliveira, representando a APG/UFMG, refletiu sobre a maneira como o PSAS se enquadra nos aspectos estruturais da persistência das desigualdades sociais no Brasil. Ela lembrou, também, do papel desempenhado pela educação no enfrentamento dessas desigualdades.  Dessa maneira, é necessário a implementação de medidas, por parte da universidade, deve servir para a superação desses dilemas – e não para o seu aprofundamento. 

Na sequência, a professora Shirlei Sales, integrante do Programa Observatório da Juventude (OJ), expressou preocupação com a possibilidade de que o PSAS possa resultar na elitização do acesso à universidade. Tendo essa situação em vista, ela apresentou um conjunto de medidas, discutidas pelo OJ, para evitar esse processo de aprofundamento das desigualdades, a saber: adoção de uma política diferenciada adicionalmente para a rede estadual de ensino médio; efetiva articulação da universidade com as escolas públicas; o Currículo de Referência de Minas Gerais deve servir de referência para a elaboração da avaliação de ingresso; o PSAS não deve ser a única forma de ingresso na UFMG, tendo em vista as diferentes realidades vividas pelas pessoas que almejam por uma vaga; e a garantia de recursos efetivos para a realização destas políticas, tendo em vista os altos custos para a sua operacionalização.

Finalizando esta etapa do Seminário, a professora Analise da Silva ponderou sobre como esse novo sistema de ingresso tende a agravar as desigualdades que ainda precisam ser superadas. Essa realidade pode ser observada nos relatos de pessoas da comunidade acadêmica, apresentados pela professora, sobre as condições precárias de trabalho e estudo na universidade, assim como de problemas estruturais e técnicos.

Nesse sentido, a docente da FaE provocou uma reflexão: “Talvez devêssemos buscar possíveis soluções para problemas concretos que vivemos, ao invés de buscar por mais outros”. “Quem se beneficiará deste processo seletivo, serão filhos e filhas de famílias com mais capital cultural e econômico e, portanto, com mais informação sobre o sistema de ensino e maior capacidade de planejamento de longo prazo”, definiu a professora Analise.

Após as exposições iniciais, a palavra foi passada para a manifestação das pessoas que acompanharam o debate presencialmente. Do mesmo modo, foram lidos os comentários e as perguntas, registradas no chat da transmissão online.

Encaminhamentos

E ao final do evento, o professor Tarcísio agradeceu a participação de todas as pessoas presentes, ressaltando a importância das discussões e informações compartilhadas. Por isso mesmo, o mediador afirmou que o registro do Seminário será encaminhado à reitoria e às comissões responsáveis pelas deliberações acerca do PSAS. Aliado a isso, o docente solicitou às entidades representadas nesse Seminário o envio, para o APUBHUFMG+, dos documentos que tenham elaborado sobre o tema, para que também possam ser enviados, assim como para a ampla circulação, através dos meios de comunicação do sindicato.

O professor Tarcísio ressaltou, ainda, o compromisso do APUBHUFMG+ de dar continuidade a esse debate, por meio da realização de novas ações. Assim, ele considerou a possibilidade da promoção de novos seminários, para os quais serão convidadas as representações da administração da universidade e da comunidade acadêmica – a exemplo do que ocorreu neste evento. 

O APUBHUFMG+ segue na luta em defesa da Universidade Pública, gratuita, inclusiva, democrática e de qualidade social!

 

GALERIA DE FOTOS: 19/03/2025 | Seminário do APUBHUFMG+ sobre o Processo Seletivo de Avaliação Seriada (PSAS) na UFMG