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É importante que o 8 de janeiro seja uma celebração à democracia

Neste ano, completam dois anos dos atos golpistas de 8 de janeiro, que marcou um momento crítico na história  da democracia brasileira. Dias após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito nas eleições de 2022, milhares de pessoas invadiram e depredaram as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, motivadas pela rejeição à vitória do então empossado presidente. Tais ataques não foram apenas patrimoniais, mas também simbólicos e atentaram ao regime democrático.

A ação organizada levou à prisão pelo menos 1.430 pessoas. De acordo com informações do STF, 310 pessoas foram condenadas, acusadas de envolvimento nos atos golpistas, sendo 229 por executarem os atos e 81 por incitá-los. As condenações variam entre 15 anos e 17 anos de prisão, por crimes de associação criminosa armada, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. Outras 500 pessoas assinaram acordo de não persecução penal e seus processos foram encerrados, de acordo com levantamento da Procuradoria-Geral da República.

Um dos pontos centrais nas investigações do 8 de janeiro foi a prisão do tenente-coronel Mauro Cid e do general Walter Braga Netto, ambos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. As detenções e as informações coletadas têm contribuído para o avanço das investigações, para elucidação dos eventos e para a responsabilização de seus organizadores.

Braga Netto foi preso em 14 de dezembro de 2024, o mesmo é ex-ministro da Defesa e um dos nomes mais próximos de Bolsonaro, o militar foi acusado de dar suporte estratégico aos atos golpistas. Segundo as investigações, ele participou de reuniões onde se discutiram planos para inviabilizar a transição democrática.

As autoridades identificaram sua participação na disseminação de mensagens que incitavam a violência e organizavam os acampamentos em frente aos quartéis. Braga Netto também teria usado sua influência para garantir apoio de setores militares aos manifestantes, além de fornecer estrutura para que grupos radicais atuassem sem serem interceptados.

O intento de ruptura democrática não foi exitoso, mas os danos materiais causados pelos atos são estimados em centenas de milhões de reais. Obras de arte, móveis históricos e documentos foram vandalizados. O governo brasileiro tem investido em restauração, enquanto processos civis buscam responsabilizar os culpados pelos prejuízos financeiros.

Esse 8 de janeiro foi marcado por diversas manifestações de movimentos sociais e partidos, em todo o Brasil, para demarcar a importância da defesa constante da democracia e o simbolismo desta data. Assim como fazer pressão para que as pessoas envolvidas na tentativa golpista sejam responsabilizadas pelos seus atos, afastando a possibilidade de anistia.

Em Brasília, foi realizado um ato simbólico na Praça dos Três Poderes, onde ocorreram diversas manifestações políticas em defesa da democracia. Já dentro do Palácio do Planalto, ocorreu uma exposição dos objetos históricos danificados pelo ataque de 8 de janeiro.

Fazem mais de 60 anos desde o golpe cívico-militar, que instaurou no Brasil um “Estado de exceção” e ainda refletem uma das maiores cicatrizes na nossa curta história democrática. Nesse período diversas pessoas foram torturadas, desaparecidas e assassinadas pelo Estado, pelo simples fato de se oporem ao governo.

No dia 5 deste mês, a atriz Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro, prêmio importante da indústria internacional, pela atuação no filme “Ainda estou aqui”, onde representa Eunice Paiva, e Selton Mello, interpretando Rubens Paiva. O filme retrata a angústia da família no período ditatorial onde Rubens é capturado pelo regime.

O filme foi possível, assim como o conhecimento de diversas histórias de tal período sombrio na nossa história, graças a A Comissão Nacional da Verdade, instituída pelo governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. A memória do que foi a ditadura brasileira ainda está sendo disputada e tais histórias são salutares no que tange a disseminação e conquista de olhares de toda a população.

É essencial que a história da ditadura brasileira seja compartilhada, que a reparação seja feita e todas as pessoas envolvidas sejam responsabilizadas, assim como a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

É nossa responsabilidade nos atentar para qualquer ensaio golpista e fortalecer a defesa cotidiana da democracia brasileira.

Ainda estamos aqui e é fundamental que nossa história de luta e resistência seja celebrada, para que a democracia não seja rompida.

 

Para que não se esqueça! Para que nunca mais aconteça!

Sem Anistia!