Acontece no APUBH

APUBH na V Marcha pela Ciência em Minas Gerais

“Escola, ciência e arte” foi o tema da 5ª edição da Marcha pela Ciência em Minas Gerais, realizada na última quarta-feira (28/04). Em 2021, pelo segundo ano consecutivo, as atividades foram realizadas em formato digital, atendendo às medidas de prevenção à COVID-19. A programação contou com mesas-redondas e debates, transmitidos através do Canal no YouTube do Coletivo “Ciência, Tecnologia e Sociedade em Movimento” (CTSmov), além de oficinas online para professores e estudantes.

Realizada desde 2017, a Marcha pela Ciência (March for Science) é um movimento internacional para a valorização e a conscientização da sociedade e dos poderes políticos da importância das áreas de Educação, Ciência e Tecnologia. Em meio à pandemia daCOVID-19, que se prolonga há mais de um ano, a discussão sobre a importância da pesquisa científica ganha papel especial. Além disso, é fundamental colocar em debate o sucateamento da área de CT&I sob o Governo Bolsonaro, que contribui para o avanço do pensamento obscurantista e anti-Ciência e promove sucessivos cortes nos investimentos nas entidades públicas de produção de conhecimento.

“Nós estamos nos aproximando das 400 mil pessoas mortas pela pandemia, e boa parte dessas mortes, certamente, poderiam ter sido evitadas se tivéssemos um governo menos obscurantista e que não desenvolvesse políticas de morte”, ponderou Luciano Mendes, professor da Faculdade de Educação da UFMG, secretario regional da SBPC e membro do Conselho de Representantes do APUBH, na mesa virtual de abertura da Marcha pela Ciência. Sobre o tema deste ano, o docente explicou que “é preciso incorporar todos os saberes e todas as sensibilidades”. “A solução está em congregar esses saberes que defendem a vida, esses saberes que celebram a vida. E arte é, certamente, parte desses múltiplos saberes que nos constituem”, disse. Apesar das dificuldades e da situação atípica, o professor definiu o evento como um “sucesso”, por reunir instituições científicas, sindicatos, estudantes e a sociedade em um movimento em defesa da Ciência e da Vida.

Assim como nas edições anteriores, o APUBH UFMG+ participou ativamente do evento. A abertura da V Marcha pela Ciência em Minas Gerais contou com a presença da professora Analise de Jesus da Silva, da Faculdade de Educação e primeira vice-presidenta do APUBH. A professora Maria Rosaria Barbato, presidenta do sindicato, integrou a Mesa “O mundo do trabalho debatendo ciência e tecnologia”, que encerrou as atividades da Marcha deste ano. A mesa-redonda também teve a presença de Cristina Del Papa, coordenadora-geral do SINDIFES, de Daniel Neri, diretor do SINASEFE IFMG, e de Mário Mariano, diretor da Regional Leste do ANDES-SN. A mediação foi realizada por Pedro Peixe, secretário geral do SINASEFE-IFMG.

Defesa do investimento público em Ciência

A presidenta do APUBH UFMG+, em sua participação na mesa de encerramento da Marcha pela Ciência, apresentou dados que mostram que as universidades públicas são responsáveis por mais de 95% de toda a pesquisa científica desenvolvida no Brasil, como diagnosticou um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em 2019. A professora alertou que, na contramão desta realidade, o Governo Bolsonaro persiste nos sucessivos cortes orçamentários nas universidades e institutos federais de ensino, além de ter diminuído os investimentos nas áreas de Ciência e Educação, previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021.

“Mesmo com esse verdadeiro crime cometido contra a sociedade brasileira – que não é apenas contra as universidades, a Ciência e os professores, mas contra toda a sociedade brasileira –, as pesquisas realizadas nas universidades federais e nos institutos públicos de pesquisa do Brasil são o que nos dão algum vislumbre de ‘luz no fim do túnel’ em relação ao momento que nós estamos vivendo”, refletiu a docente. Ela citou o trabalho das equipes de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e do Instituto Butantan, que produzem a vacina contra a COVID-19 utilizada no país.  A professora frisou ainda que a pesquisa da primeira vacina brasileira contra a Covid-19 está sendo realizada em uma universidade pública, a UFMG, por meio do Centro de Tecnologia em Vacinas (CTVacinas). O medicamento encontra-se em fase avançada de desenvolvimento, seguindo para a fase de testes clínicos em voluntários.

A professora Maria Rosaria chamou a atenção para o agravamento da crise sanitária no país, que se deve, fortemente, à política socioeconômica do Governo Bolsonaro, marcada por iniciativas neoliberais de desmonte do Estado e por um forte pensamento negacionista da Ciência. A má gestão do governo, ainda segundo a docente, também se reflete no avanço da calamidade social, que pode ser observada no aumento do número de desempregados, subempregados e trabalhadores informais.  Para ela, o ponto de partida para a solução dos problemas dessa “realidade em que todos os dados apontam para um cenário de desemprego, miséria e fome, está sendo e é diretamente influenciado pela forma como o fomento à Ciência e à Tecnologia é tratada pelo governo”.

“É necessário que pressionemos para que o desenvolvimento dessa importante área da nossa vida e sociedade seja diretamente ligada a uma lógica de fomento estatal, que tem como fundamento a criação do bem-estar social e não os lucros individuais”, definiu. “Não nos deixemos cair em falácias produtivistas neoliberais que apontam caminhos privatistas para o desenvolvimento científico brasileiro. Devemos defender, aqui, o fomento público da Ciência e Tecnologia, para que os efeitos práticos do seu desenvolvimento tenham o devido valor social”, finalizou a presidenta do APUBH UFMG+.