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50 anos do Dia Nacional da Consciência Negra, Dia de Luta

O dia 20 de novembro no Brasil é o dia da consciência negra. Neste dia, em 1695, foi assassinado Zumbi dos Palmares, líder da principal e maior organização quilombola que existiu no Brasil colonial. A luta de Zumbi se confunde com a luta pela liberdade dos escravizados negros, a partir da ação direta daqueles que sofriam os horrores da escravização.

Este dia é, eminentemente, um dia de luta: seu próprio reconhecimento, inclusive, faz parte das conquistas do Movimento Negro. A data foi escolhida pelos militantes em contraponto ao dia 13 de maio, dia oficial da abolição da escravidão, data também importante e fruto da pressão dos escravizados contra o sistema escravista, mas cujo discurso dominante em sentido histórico dá o protagonismo a uma princesa branca, que em um ato de “benevolência” teria dado aos negros a liberdade. Desde 1970, em plena ditadura militar, o Movimento Negro luta pelo reconhecimento de Zumbi como um dos heróis pela luta contra a escravidão, o que veio a ocorrer apenas em 21 de março de 1997, quando ele teve seu nome inserido como herói nacional no Livro de Aço dos Heróis e Heroínas Nacionais. E foi apenas pela lei federal nº 12 519 de 2011 que o dia 20 de novembro se tornou oficialmente o Dia Nacional da Consciência Negra.

A história do povo negro no Brasil é uma história de luta. Luta pelo direito à liberdade, luta pelo reconhecimento de suas origens, luta para tomar seu lugar de protagonista nos movimentos históricos, luta contra o racismo estrutural e as precárias condições a que ainda hoje está inserida a maioria do povo negro no país.

O atual governo de Jair Bolsonaro fortalece a deterioração dessas condições. O presidente nunca escondeu seu racismo, como quando comparou quilombolas a bichos, quando disse que seus filhos não se apaixonariam por uma mulher negra porque “foram muito bem educados”, quando disse que não viajaria em um avião pilotado por um cotista, ou quando afirmou que a escravidão era culpa dos próprios negros, pois os europeus nunca haviam pisado na África. O racismo e o negacionismo, aliás, tornaram-se política de Estado, a partir do momento em que o presidente da Fundação Cultural Palmares, representação no Estado brasileiro que pela lei nº 7668, tem como missão a promoção e preservação da cultura negra e afro-brasileira, é um revisionista sobre o período escravista e sobre as precárias condições do negro hoje no Brasil.

Política de Estado também a partir do momento em que o país hoje tem 13,7 milhões de desempregados, 27 milhões de pessoas  abaixo da linha da pobreza e cerca de 20% da população se encontra em “insegurança alimentar grave” e que, no último censo realizado nestes parâmetros, em 2019, os negros respondiam por 75% dentre a parcela de 10% dos brasileiros mais pobres.

Por tudo isso e pela história de luta que a data carrega, neste dia 20 de novembro, os movimentos sociais, sindicais e partidários que estão lutando pelo fim do governo Bolsonaro se unirão às tradicionais marchas do movimento negro realizadas neste dia.

O APUBHUFMG+ estará presente no ato realizado em Belo Horizonte, com concentração a partir das 14h30 em frente ao Memorial da Vale, na praça da Liberdade. Queremos nossos jovens negros e negras vivos e estudando conosco na Universidade tendo garantida uma educação antirracista, com qualidade social, democrática, gratuita, inclusiva, laica, popular, pública, presencial com segurança para todas as pessoas como direito. Convidamos a todas as professoras, todos os professores,  e sociedade civil em geral a se posicionar contra este governo racista, de fome e de morte.

#ForaGovernoBolsonaroRacista

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022