Faculdade de Medicina da UFMG celebra os 30 anos do SUS
Em celebração aos 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), a Faculdade de Medicina e o Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG realizaram o evento “Em Defesa do SUS: 30 Anos de Construção”, na manhã desta quarta-feira (20/06), no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG.
O evento contou com a participação de representantes da Faculdade de Medicina da UFMG, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), dos Conselhos Municipal e Estadual de Saúde, do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (COSEMS/MG) e das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde.
O professor Antônio Thomaz da Matta Machado, chefe do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG, pontuou que esse é um momento de celebração. O Brasil conta com o maior sistema público de saúde do planeta, sendo referência em seus programas de prevenção ao tabagismo e de tratamento aos portadores do vírus HIV e nas campanhas de vacinação. Contudo, esse também é, segundo o professor, um momento de extrema apreensão, pois há um movimento de certos setores da sociedade e do governo de desequilibrar o SUS.
“Estado de bem-estar social e a área de saúde no Brasil: uma visão panorâmica” foi o tema da primeira conferência do dia, ministrada pelo professor do Departamento de Ciência Política – DCP/UFMG e secretário do Conselho Fiscal da APUBH, Juarez Rocha Guimarães. Em sua fala, o professor analisou que o desmonte que o sistema de saúde vem enfrentando no Brasil é o reflexo de um cenário mais amplo, a crise do Estado de bem-estar social.
“A solução de crise é solidária ao seu diagnóstico”, observou Guimarães ao apontar que o investimento em saúde pública, grande conquista da Constituição Federal de 1988, está sendo vítima de mudanças sociais e estruturais e sociais da sociedade. “O SUS é a primeira inscrição na história do Brasil do direito à vida. E não poderia haver elogio maior a ele do que esse”.
O médico Gastão Wagner de Sousa Campos, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), ministrou a conferência seguinte, com o tema “SUS: 30 Anos de Construção”. A apresentação do professor foi realizada pela professora Eli Iola Gurgel Andrade, do Departamento de Medicina da UFMG e da Diretoria Setorial de Saúde e Qualidade de Vida da APUBH.
“A construção do SUS é um símbolo do desejo de igualdade e justiça social da sociedade brasileira”, celebrou a professora. Eli Iola observou que o sistema de seguridade social, garantido na Constituição Federal de 1988, foi um passo decisivo na construção do Estado de bem-estar social. Sendo o SUS, ainda segundo ela, fundamental nesse processo.
Todavia, a diretora da APUBH chamou a atenção para o fato de que esse processo vem sendo ameaçado. “Esse é um momento de alerta. Não é apenas o SUS que está sendo atacado, mas toda a história de conquistas do povo brasileiro”.
Em sua fala, o presidente da ABRASCO ponderou que há uma tentativa de deslegitimar os serviços públicos de saúde, com base em seus problemas, como filas, burocracia e falta de verbas. “Há uma ofensiva contra o SUS que se baseia nas nossas debilidades”, resumiu. Ele reforçou a importância que o SUS ainda possui para a maior parte da população e falou da importância da defesa do sistema. “A sustentabilidade do SUS depende de nós, depende da mobilização da sociedade civil. O preço do bem-estar social é a eterna luta”.