NADi APUBHUFMG+ marcou presença nas discussões sobre saúde mental na Universidade

APUBHUFMG+ presente na 13ª Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da UFMG | Foto: Acervo APUBHUFMG+.
A 13ª Semana de Saúde Mental e Inclusão Social aconteceu entre os dias 12 e 16 de maio de 2025, com o tema “Ainda lutamos aqui”, fazendo referência ao grande mote da luta antimanicomial deste ano: AINDA LUTAMOS AQUI: Contra os golpes dos opressores, pela louca revolução, a anistia não é a solução!
A Semana faz parte do calendário oficial da UFMG e foi organizada pela Rede de Saúde Mental em parceria com a Universidade dos Direitos Humanos (UDH), diretoria vinculada à Pró-reitoria de Extensão (Proex) da UFMG. Segundo a própria UDH, a Semana visou “reflexão e compartilhamento de questões fundamentais sobre saúde mental, inclusão e acolhimento”. As diversas atividades foram propostas e organizadas por várias entidades e órgãos externos.
O APUBH UFMG+, por meio do seu Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi), atento às questões relacionadas à saúde mental de sua categoria, especialmente, da sua relação com as condições de trabalho, atuou como um importante propositor de atividades. Neste ano, além de participar do cortejo tradicional, outras três atividades foram realizadas pela entidade dentro da programação da Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da Universidade.
No dia 12/05 iniciamos a campanha “Saúde Mental no Trabalho importa”, com objetivo de mobilizar e sensibilizar professores, professoras e outros membros da comunidade acadêmica sobre situações de trabalho que podem parecer corriqueiras e comuns, fruto da lógica da organização do trabalho acadêmico, porém podem ser mediadoras de grande sofrimento no trabalho, causando quadros de adoecimentos.

Campanha “Saúde Mental no Trabalho importa” | Foto: Acervo APUBHUFMG+.
A distribuição de panfletos com as frases provocativas foi feita em locais de grande circulação de pessoas na Universidade, atingindo docentes, alunos(as), técnicos(as) e pessoas da comunidade externa. Alguns pontos de distribuição foram escolhidos como a Praça de Serviços, entrada do CAD 3 (onde ocorreram muitas atividades da Semana de Saúde Mental), campus saúde, Escola de Arquitetura e entrada do campus Pampulha, em diferentes dias e horários. Além disso, as redes sociais do Sindicato também se dedicaram a divulgar e compartilhar as reflexões com a categoria. A campanha iniciada nesse evento que carrega consigo a grande responsabilidade de debater saúde mental não se encerra aí, já que o APUBH segue com seus esforços de debater, acolher e buscar soluções democráticas, coletivas e pautadas na compreensão psicossocial dos fenômenos causadores de adoecimento no ambiente laboral.
No dia 13/05 foi realizada uma roda de conversa sobre o tema: conciliação entre maternidade e vida acadêmica. O evento reuniualunas de graduação e pós, docentes e técnicas-administrativas em educação, pois o tema é transversal a todas as pessoas mães que estão na Universidade. O debate deixou evidente a necessidade de mais diálogos sobre ações efetivas que visem, de maneira geral, a promoção da permanência efetiva de alunas e trabalhadoras na Universidade, uma vez que a sobrecarga dessa conciliação maternidade, estudo e trabalho pode ser geradora de sofrimento mental importante para pessoas mães e até impedi-las de trabalhar e estudar na Universidade. Foram apontadas várias dificuldades, preconceitos e desafios vividos pelas pessoas mães que, por vezes, precisam levar consigo seus filhos e filhas até seus locais de estudos/trabalho, sem qualquer suporte por parte da Universidade.

Roda de conversa sobre a conciliação entre maternidade e vida acadêmica | Foto: Acervo do APUBHUFMG+.
O debate ainda abordou questões sobre a própria maternidade que traz por si só demandas e desafios que refletem no trabalho e nos estudos e, portanto, o encontro na Universidade de um ambiente empático, pautado na equidade e acolhimento pode tornar essa jornada de estudos/trabalho possível e, por vezes, até mais razoável. Além disso, em uma sociedade machista, o peso das responsabilidades recai desproporcionalmente sobre os ombros das mulheres, que são cobradas a serem tudo para todos, o tempo todo, refletindo em uma carga mental imensa. Como o próprio tema da Semana propõe, o objetivo é ter, cada vez mais, ações inclusivas na Universidade, potencializadas pela implementação urgente de políticas internas que visem o acolhimento e ações de amparo para pessoas mães com seus filhos e filhas.
No dia 15/05 realizamos a palestra “Saúde Mental e trabalho: uma relação indissociável”. Com ampla participação de alunos de graduação, o evento contou também com a presença de docentes e técnicos. O debate refletiu as mudanças no mundo do trabalho e os efeitos sob a saúde mental da classe trabalhadora brasileira que, no último ano, apresentou um número alarmante de afastamentos por adoecimentos mentais. A análise explicitou os efeitos da intensificação do ritmo de trabalho, da precarização das condições, do crescimento dos trabalhos de plataforma e uberização, e do avanço da revolução tecnológica. Tudo isso em um mundo pós pandêmico, em um cenário no qual não houve tempo de luto e sim um aceleramento e cooptação da catástrofe pelo capitalismo, que implantou de forma abrupta regimes de trabalho remotos intensos, que em alguns lugares permanecem. Imediatamente ao recuo da covid 19, as empresas avançaram na volta ao presencial, desprezando quaisquer resquícios da grande crise global, especialmente para saúde mental de todas as pessoas “sobreviventes”. A palestra está disponível no link: https://youtu.be/NVZ9lSozJws. Acompanhe essa reflexão importante!
A semana foi finalizada no dia 16/05, no tradicional cortejo promovido pelo Fórum Mineiro de Saúde Mental (FMSM) com o desfile da escola de samba Liberdade Ainda que Tantan que circulou pelas ruas centrais de Belo Horizonte. O APUBH UFMG+ e a Universidade se somaram ao evento, que reuniu membros da comunidade universitária para celebrar a luta antimanicomial em clima de música, liberdade, festa e alegria, como uma intervenção artística e política de muita potência e beleza.

Cortejo Antimanicomial: “Ainda lutamos aqui! Contra os golpes dos opressores, pela louca revolução, a anistia não é a solução!” | Foto: Acervo APUBHUFMG+.