PISA 2022: Brasil está entre os 81 países com a pior colocação
Uma das principais avaliações da qualidade e desempenho da educação básica no mundo, o Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA) divulgou seus resultados na semana passada (05/12). Os dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) são relativos à prova realizada em 2022, da qual participaram no Brasil, um total de 10.798 estudantes de 15 anos, de 599 escolas. Tradicionalmente, a avaliação é realizada de três em três anos, mas foi adiada em 2021, por causa da pandemia da Covid-19.
Os dados do PISA mostraram que o Brasil continua abaixo da média dos países da OCDE nas três disciplinas avaliadas: matemática, leitura e ciências. Com 471 pontos, a matemática, disciplina que registrou a maior queda (de 10 alunos, um total de 7 alunos não souberam efetuar o mínimo de cálculos da matemática básica, inclusive entre os alunos de maior poder aquisitivo), atingiu o índice mínimo de aprendizado. A pontuação de 476 coube a leitura e a de 485 coube a ciências. Os dados mostram que 20 pontos são equivalentes a um ano escolar, assim, o país se enquadra em pelo menos quatro anos de atraso em ciências, quando comparado aos países desenvolvidos. Singapura, no sudeste do continente asiático, ficou em primeiro lugar na avaliação das três disciplinas. No ranking geral, o Brasil ocupa uma das piores posições dentre os 81 países avaliados.
Quatro anos atrás, quando ocorreu a avaliação de 2018, os estudantes brasileiros atingiram 384 pontos e em 2022 a pontuação caiu para 379. Porém, apesar de o Brasil ter regredido nas três áreas avaliadas, é possível considerar o resultado como “estável”, visto que o país foi de 71º lugar para 65º em matemática; 64º para 62º em ciência e 57º para 52º em leitura. Mas o fato não deve ser efusivamente comemorado, pois a melhoria na colocação do Brasil não diz respeito aos investimentos e à valorização da educação básica, pública e de qualidade social no país, mas deve ser creditado, em grande parte, à piora considerável da maioria dos outros países após três anos de uma crise sanitária, onde os estudantes tiveram uma defasagem gigantesca nas disciplinas em geral, para o cumprimento do currículo – o que refletiu diretamente no resultado da avaliação.
Levando-se em conta que a avaliação do PISA analisa também o contexto social, a solução para subir no ranking passa principalmente pelo investimento em políticas públicas que deveriam priorizar uma educação básica, gratuita e de qualidade social e científica para todos em um dos países mais desiguais do mundo (segundo a ONU, o Brasil ocupa o posto de 8º país mais desigual). Assim, o relatório PISA acaba destacando que a “estabilidade” mantida ao longo desses anos se disfarça de uma estagnação que tem como alvo a privatização, os recorrentes cortes e um desinteresse sistemático na educação brasileira.