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Juros altos, um freio para a indústria de alta tecnologia no Brasil

A insistência do Banco Central em manter a SELIC nas alturas levou à retração, no segundo trimestre deste ano, dos setores mais tecnológicos da indústria no Brasil. Essa é uma das conclusões do levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), divulgado pelo Estadão/Broadcast. De acordo com o estudo, os juros elevados dificultam a realização de investimentos, já que encarecem o crédito. Algo que afeta, diretamente, a indústria de alta e média-alta tecnologia, que demanda maior financiamento para o seu desenvolvimento.

Para o economista Rafael Cagnin, responsável pelo estudo do IEDI, o desenvolvimento da indústria de alta tecnologia contribui para toda a economia do país. Afinal, além da fabricação de mercadorias de alto valor, o segmento injeta seus ganhos na economia e movimenta a cadeia produtiva. E por outro lado, contribui para aumentar as ofertas de empregos de maior qualidade, com mais qualificação e melhores remunerações.

Ainda segundo o levantamento, só foram registrados aumentos na produção nos setores de média-baixa tecnologia, que englobam a indústria extrativa. O IEDI realizou o estudo com base na metodologia difundida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que divide a indústria em quatro faixas de intensidade tecnológica, a saber: alta, média-alta, média e média-baixa.

Mais uma vez, nos deparamos com o legado de retrocesso deixado pelo bolsonarismo. Não por acaso, o setor extrativista foi um dos mais beneficiados por aquele governo. Coerentemente ao projeto neoliberal, a atual presidência do BC se vale da “autonomia” conquistada na gestão bolsonarista, que tem servido apenas para colocar o órgão a serviço do “Mercado”. Dessa maneira, vemos a quem serve, de fato, a alta dos juros. Mais do que isso, percebemos como a alta da SELIC se tornou um dos maiores entraves para o desenvolvimento da economia nacional.

Por tudo isso, a redução da taxa básica de juros do Brasil se tornou uma das nossas principais bandeiras de luta. Após a contínua pressão sobre o BC, protagonizada por movimentos sindicais, sociais e populares, conquistamos a primeira redução na taxa básica de juros em três anos. Contudo a tímida redução de 0,5% no índice, que permaneceu no patamar elevado de 13%, ainda está muito aquém das necessidades do atual quadro econômico e da população em geral. A nossa mobilização pela redução imediata dos juros, portanto, precisa continuar.